A Irmandade Muçulmana anunciou que mais de cem pessoas morreram esta sexta-feira nos confrontos entre partidários e opositores do deposto presidente Mohamed Morsi, no Cairo, números bastante acima dos avançados pelo Ministério da Saúde, que adianta 17 em todo o país.
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A Irmandade Muçulmana responsabiliza as forças do Ministério do Interior e do Exército pelos falecidos.Anteriormente, os islamitas tinham anunciado que mais de 70 pessoas tinham morrido nos confrontos no bairro Ramsés, no centro da capital.
O Ministério da Saúde, por outro lado, confirmou para já a morte de 17 pessoas e 82 feridos em todo o país.
Na cidade de Alexandria, a televisão estatal adiantou que pelo menos 16 pessoas morreram e 140 ficaram feridas nos confrontos
A agência de notícias estatal Mena, por seu lado, deu conta de três mortos e de 35 feridos na província do Suez, com base em fontes médicas.
Entretanto, pelo menos 262 pessoas foram detidas esta sexta-feira por alegadamente estarem implicadas nos atos de violência registados no Egito, indicaram fontes das autoridades policiais egípcias, que acrescentaram que entre os presos há um afegão e um sírio.
De acordo com a agência Mena, os detidos estão a ser investigados pelas autoridades, tendo a polícia apreendido 16 armas de fogo e sete granadas de produção caseira.
O Egito foi palco de violentos confrontos em várias partes do território durante as manifestações convocadas pelos islamitas depois da oração do meio-dia.
A Irmandade Muçulmana, à qual pertencia Mohamed Morsi antes de se tornar chefe de Estado, organizou os protestos em resposta à carga policial de quarta-feira que desmantelou os seus acampamentos.Nos protestos desta sexta-feira voltaram a exigir que o presidente deposto volte a estar à frente dos destinos do país.
Segundo o Governo, os confrontos de quarta-feira causaram a morte a quase 600 pessoas e provocaram ferimentos noutras quatro mil.
Mohamed Morsi foi deposto na sequência de um golpe de estado militar a 3 de julho, depois de vários protestos, nos dias anteriores, a pedir eleições presidenciais antecipadas.
Em comunicado, a Irmandade Muçulmana alertou que o derramamento de sangue "vai aumentar a insistência do povo egípcio para acabar com o golpe militar sangrento" que depôs o presidente islamita.
A televisão estatal mostrou imagens de anónimos disparando armas de fogo da ponte 15 de Maio, ao passo que as forças de segurança dispararam granadas de gás lacrimogéneo.
O Governo autorizou, pela primeira vez, as forças da ordem a abrir fogo sobre os manifestantes violentos.
Dois dias após o dia mais sangrento - 578 mortos e mais de 3000 feridos - desde a queda de Hosni Mubarak, em fevereiro de 2011, os atos de violência relançam o medo de que o Egito, que está sob estado de emergência e com um recolher obrigatório em metade das províncias, mergulhe no caos.