Os observadores militares da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa foram impedidos por homens armados de entrar na Crimeia, república autónoma ucraniana sob o controlo das forças russas, testemunharam os jornalistas da agência France Presse.
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É a segunda vez em dois dias que a missão da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) é impedida de entrar naquele território.
"Estamos apenas a tentar entrar como convidados do Governo ucraniano ao abrigo de um mandato da OSCE", afirmou um dos observadores, em declarações à agência noticiosa francesa.
"Vamos tentar negociar com estas pessoas", acrescentou.
Perto da localidade de Tchongar, um dos dois possíveis pontos de entrada para a península da Crimeia, os dois veículos que transportavam os cerca de 40 observadores da OSCE, que eram seguidos por cerca de 50 carros civis ucranianos, foram impedidos de passar por uma dezena de homens armados, não identificados, que formaram uma barreira.
O parlamento local da Crimeia, dominado por pró-russos, aprovou na quinta-feira um pedido ao Presidente russo, Vladimir Putin, para a união da península ucraniana à Rússia e anunciou a organização de um referendo a 16 de março para o validar. Os eleitores poderão escolher entre uma união com a Rússia ou uma autonomia reforçada.
A Crimeia, no sul da Ucrânia, tem uma população de cerca de dois milhões de pessoas, 60% das quais russas, 26% ucranianas e 12% tártaras.
As autoridades locais da república, de maioria russófona e estratégica para Moscovo, não reconhecem o novo Governo de Kiev, saído de um acordo entre a oposição e o Presidente deposto Viktor Ianukovich, atualmente exilado, para pôr fim à crise política.
A crise foi desencadeada em finais de novembro com protestos em massa contra a decisão de Ianukovich de suspender os preparativos para a assinatura de um acordo de associação com a União Europeia e reforçar os laços económicos com a Rússia.