O Serviço de Fronteiras da Ucrânia disse, esta sexta-feira, que Moscovo já deslocou cerca de 30 mil dos seus soldados para a República Autónoma da Crimeia.
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O diretor dos recursos humanos do Serviço de Fronteiras da Ucrânia (SGU), Mikail Koval, não conseguiu esclarecer, no entanto, quantos efetivos ucranianos estão na Crimeia, mas assegurou que todos os agentes de fronteiras e das forças armadas da Ucrânia na Crimeia permanecem nos seus postos.
O Conselho Superior da Crimeia (parlamento regional) adotou, na quinta-feira, uma decisão para a sua reunificação com a Rússia, da qual fez parte até 1954, e convocou um referendo sobre esta questão para 16 de março.
O vice-primeiro-ministro do autoproclamado Governo da República autónoma, Ruslan Termigaliev, disse à Imprensa que as forças armadas russas deslocadas para a Crimeia serão consideradas legais e as restantes "de ocupação".
Em Kiev, o presidente interino da Ucrânia, Oleksandr Turchinov, reagiu duramente ao que se passa na Crimeia, dizendo ser "ilegal e ilegítimo" o referendo e assinalou ainda que a Rada ucraniana (parlamento) iria iniciar um processo para dissolver o parlamento na Crimeia.
No entanto, o presidente da Duma (câmara dos deputados) da Rússia, Serguei Narishkin, afirmou que os legisladores russos respaldarão a opção, que faça "livre e democraticamente", da população da Crimeia.
A Crimeia tem uma população de dois milhões de habitantes, dos quais 60% de russos, 26% de ucranianos e 12% de tártaros.
Enviado da ONU vai visitar a Crimeia
O secretário-geral adjunto das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Ivan Simonovic, que chegou na quinta-feira à Ucrânia, viajará para a Crimeia e tentará visitar ainda outras localidades no leste do país.
"Simonovic fará uma avaliação das existentes e potenciais violações dos direitos humanos na Ucrânia. Planeia visitar a Crimeia, o oeste da Crimeia, o leste da Crimeia, mas a situação é muito fluida. A ideia é que visite Simferopol e outras cidades do leste do país", disse Rupert Colville, o porta-voz da alta comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Navi Pillay.
Colville explicou que Simonovic contará com a ajuda no terreno de sete especialistas em direitos humanos, dois dos quais já estão na Ucrânia e os outros cinco viajarão para Kiev no fim de semana.
A visita de Simonovic, antigo ministro da Justiça croata, acontece depois de Robert Serry, enviado especial do secretário-geral da ONU para a crise na Crimeia, ter sido obrigado a abandonar a península da Crimeia depois de um incidente com homens armados.
As autoridades locais da Crimeia, no sul da Ucrânia, não reconhecem o novo Governo de Kiev e defendem o regresso ao poder do presidente deposto Viktor Ianukovich, entretanto internado em estado grave num hospital de Moscovo por ter sofrido um enfarte.
A crise política na Ucrânia começou a 21 de novembro, com a contestação popular da decisão do Presidente de suspender a aproximação à Europa e reforçar os laços com a Rússia.