Grupo de jovens portuguesas teve de arcar com despesas extra para se conseguir proteger dos protestos violentos que têm ocorrido no Peru.
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Oito finalistas do curso de Medicina juntaram-se para fazer uma viagem de um mês pela América Latina, mas quando chegaram ao Peru, a 7 de dezembro, depararam-se com uma situação caótica, na sequência dos protestos civis que se iniciarem após a destituição do presidente Pedro Castillo. As estradas cortadas e as manifestações violentas que se sucederam obrigaram o grupo de jovens a refugiar-se em zonas remotas, bem como a comprar novos voos. No total, terão gasto cerca de 400 euros em despesas que não estavam planeadas no início da viagem.
Depois de uma passagem pela Colômbia, as portuguesas fizeram as malas para seguir até Lima. Chegadas à capital peruana no dia em que se instalou a atual crise política, o grupo foi alertado a ter cuidado e a não se dirigir até ao centro da cidade, mas apenas no dia seguinte, quando pisaram Cuzco, no Sul do país, após cancelarem uma viagem até Arequipa, se viram obrigadas a mudar drasticamente os planos.
"Fomos aconselhadas a ir para o povoado de Ollantaytambo", contou ao JN Rita, uma das jovens pertencentes ao grupo, detalhando que o sítio arqueológico, localizado a poucos quilómetros de Machu Picchu, foi descrito pelas autoridades locais como "seguro".
No coração do Vale Sagrado de Cuzco, as oito estudantes, umas do Porto e outras de Lisboa, conseguiram abrigarem-se dos protestos das principais cidades, mas, além do dinheiro já gasto nas deslocações imprevistas, tiveram de arranjar alojamento para os restantes dias, acabando ainda por ter alguma dificuldade em encontrar restaurantes abertos.
De regresso a Cuzco, após um percurso no qual se depararam com "vários obstáculos a bloquear as estradas, tal como pedras e árvores", as jovens dizem sentir-se "tranquilas", sobretudo, porque ao aperceberem-se que eram turistas, os manifestantes trataram-nas "bem" e permitiram que se deslocassem "sem levantarem problemas".
Em poucos dias, no entanto, as finalistas de Medicina terão gasto cerca de 200 euros em deslocações para fugir do caos, aos quais ainda se junta o valor dispensado por um voo para Santiago, no Chile (país fronteiriço do Peru), que, se tudo correr bem, as colocará fora de território peruano já amanhã.
Marcelo assegura apoio
A Bolívia - país que se seguiria ao Peru no "mochilão" das jovens - está fora dos planos e ao dinheiro extra que já gastaram deverão juntar-se outros prejuízos impulsionados pela impossibilidade de comparecimento nos locais previamente marcados. Rita explica que, em conjunto com as restantes colegas, "ainda vai fazer contas", mas que, apesar de o grupo estar a ser devidamente aconselhado pela Embaixada de Portugal no Peru, "por agora ainda não há qualquer confirmação de ajuda de custos".
As jovens contactadas pelo JN não fazem parte do conjunto de portugueses no Peru com quem Marcelo Rebelo de Sousa revelou ter falado esta sexta-feira. O presidente confirmou aos jornalistas que cerca de 50 portugueses estão a ser acompanhados pelo embaixador no Peru e que há diligências em curso para uma "solução global europeia" de retirada de cidadãos que não têm meios para regressar ao país de origem. Como é o caso de Francisco Rodrigues dos Santos, um jovem português que falou anteriormente com o JN, que receia não conseguir regressar a casa antes da passagem de ano.
No caso do grupo de estudantes com quem o JN falou esta sexta-feira, contudo, o repatriamento não estará em causa, uma vez que as oito jovens deverão dar seguimento à viagem que iniciaram no fim de novembro na América Latina e que só deverá terminar no final deste mês.
