Reunião do Conselho de Segurança da ONU encerra sem acordo sobre comboio humanitário russo
A reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU realizada, na sexta-feira, sobre a entrada na Ucrânia de um comboio humanitário russo terminou sem um acordo, ação ou um comunicado com a posição dos seus membros.
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O encontro para "consultas", a pedido da Lituânia, convocado para discutir a entrada no leste da Ucrânia de camiões russos, que a União Europeia qualifica como uma "clara violação" da fronteira entre os dois países, decorreu à porta fechada na noite de sexta-feira.
"O Conselho de Segurança apenas realizou consultas (...) sobre a situação no leste da Ucrânia e ouviu um 'briefing' de Óscar Fernandez-Taranco", adjunto do secretário-geral da ONU para Assuntos Políticos, disse o embaixador britânico Mark Lyall Grant, atual presidente em exercício do Conselho de Segurança.
"Na sequência da discussão não houve unanimidade nos pontos de vista como talvez estivessem à espera", disse aos jornalistas no final do encontro que durou duas horas e um quarto.
Mark Lyall Grant disse que apesar de ainda não se ter alcançado unanimidade, notou-se um "sentimento generalizado" de preocupação relativamente a uma ação unilateral da Rússia.
O diplomata disse que no encontro ninguém apoiou a postura da Rússia, o que o representante de Moscovo - Vitaly Churkin - negou, afirmando que alguns países, incluindo a China, se mostraram "muito compreensivos".
"Às vezes faz-me lembrar o Reino dos Espelhos Tortos", disse o embaixador russo, no encontro, de acordo com agência Xinhua, fazendo referência a um conto de fadas soviético sobre uma menina que vê a sua imagem completamente contrária no espelho.
"Os membros do conselho não estavam preocupados com o facto de centenas de civis estarem a morrer", frisou o diplomata russo, acrescentando: "Não estavam preocupados com a catástrofe humana no leste da Ucrânia (...), mas antes com um comboio humanitário".
Churkin afirmou ainda ter relembrado que Kiev deu a Moscovo "autorização oficial" e que só depois disso é que se começaram a movimentar.
Em resposta aos receios de Kiev, Churkin forneceu uma listagem com as mercadorias transportadas pelos camiões: geradores de energia, açúcar, chá e comida para bebé, ridicularizando quem sugere que transportam armas para os separatistas pró-russos.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu para os riscos de uma qualquer "ação unilateral" no leste da Ucrânia poder exacerbar uma situação "já de si perigosa".
Numa declaração divulgada na noite de sexta-feira pelo seu gabinete de imprensa, citada pela agência Efe, Ban Ki-moon manifesta "profunda preocupação" relativamente às informações sobre a entrada na Ucrânia de um comboio russo "sem a autorização das autoridades ucranianas", apesar de reconhecer a deterioração da situação humanitária no leste da Ucrânia.