Um acordo para a retirada de civis e de combatentes insurgentes da cidade de Alepo (norte da Síria) foi alcançado com o Governo de Damasco, esta terça-feira.
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"Os combates à volta de Alepo-leste terminaram", afirmou o embaixador russo junto das Nações Unidas, Vitali Tchourkine, acrescentando que "os combatentes rebeldes começaram a partir" da cidade e que, na sequência desta retirada, "as operações militares pararam".
Esta informação surge poucas horas depois do anúncio de que o Conselho de Segurança das Nações Unidas iria reunir-se de urgência em resposta à situação em Alepo, após relatos de que as forças pró-sírias executaram dezenas de civis naquela cidade devastada por combates.
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A reunião de urgência foi solicitada por Paris e Londres.
O acordo para a retirada "de habitantes e de rebeldes com armas ligeiras dos bairros sitiados" foi igualmente confirmado por responsáveis rebeldes.
Os termos do acordo foram concluídos "sob a liderança da Rússia e da Turquia", aliados do regime do presidente sírio, Bashar al-Assad, e da rebelião síria, respetivamente, indicou, em declarações à agência noticiosa francesa AFP, Yasser al-Youssef, um responsável da estrutura política do influente grupo Harakat Nour Din al-Zenki.
"Poderá entrar em vigor nas próximas horas", precisou o representante, acrescentando que o plano prevê, numa primeira etapa, a retirada de feridos e de civis, seguindo-se os combatentes com as respetivas armas ligeiras.
"Aqueles que partirem poderão ir para a zona oeste da província de Alepo ou para a província (vizinha) de Idleb (noroeste)", áreas controladas pelas forças rebeldes, concluiu.
Uma fonte de outro influente grupo rebelde islamita, Ahrar al-Cham, também confirmou o acordo para o processo de retirada, precisando que os civis e os combatentes rebeldes serão transportados em autocarros para essas regiões.
EUA pediram que "observadores internacionais independentes" sejam destacados para Alepo para supervisionar a retirada dos civis "com toda a segurança"
Em reação ao anúncio do acordo, a embaixadora dos Estados Unidos junto da ONU, Samantha Power, pediu que "observadores internacionais independentes" sejam destacados para Alepo para supervisionar a retirada "com toda a segurança" dos civis de Alepo.
Falando diante do Conselho de Segurança da ONU, a representante de Washington sublinhou que os civis que querem sair da zona leste de Alepo (que já foi um reduto dos rebeldes sírios) "têm medo, e com razão, de serem abatidos na rua ou de serem levados para um dos 'gulags' [campos de trabalho] de Assad".
Dos 275 mil civis que se estimava viverem em Alepo (a segunda maior cidade síria) quando foi lançada a ofensiva, cerca de 70 mil fugiu nos últimos dias, na sua maioria para centros de deslocados montados pelo governo na parte oeste da cidade.