Fornecimento de eletricidade foi restabelecido após dois reatores terem sido desligados da rede. Exército russo reforçado com 137 mil soldados. Ataque a estação matou pelo menos 25 pessoas.
A central nuclear de Zaporíjia, capturada em março pela Rússia, esteve temporariamente desligada da rede elétrica ucraniana esta quinta-feira, na sequência de ataques que terão causado danos nas linhas de comunicação. A interrupção expôs o perigo iminente em que se encontra: o corte energético compromete as piscinas de arrefecimento do combustível nuclear.
A operadora ucraniana Energoatom, cujos técnicos permanecem reféns dentro da central, tinha alertado que dois reatores foram desligados da rede "como resultado das ações dos invasores", pelo menos duas vezes durante o dia. A desconexão total da central, que alimenta mais de 20% das necessidades elétricas da Ucrânia, acontecia "pela primeira vez na sua história".
O fornecimento de eletricidade à própria central nuclear provém da central térmica anexa. Incêndios na área desta central provocaram a desconexão da última linha de comunicação que liga o local à rede elétrica. A Energoatom assegurou que decorriam operações para ligar um reator à rede e, mais tarde, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) confirmou o restabelecimento do fornecimento elétrico.
Há semanas que a Ucrânia e a Rússia se acusam mutuamente de bombardeamentos nas imediações da central nuclear, sob risco de uma catástrofe. As Nações Unidas já apelaram à "desmilitarização" da central, tendo António Guterres apoiado uma visita de inspeção pela AIEA. Apesar das rejeições pela Rússia, as autoridades estão "muito perto" de poder visitar, disse esta quinta-feira o diretor-geral, Rafael Grossi.
O secretário-geral da ONU frisou, também, que a eletricidade proveniente de Zaporíjia pertence, indubitavelmente, à Ucrânia, devendo esse princípio ser "totalmente respeitado". No início do mês, a Energoatom alegou que as forças russas estariam a preparar a ligação da central à península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, causando danos com esta reorientação da produção de eletricidade.
Putin expande exército
Vladimir Putin assinou, esta quinta-feira, um decreto que prevê o aumento dos efetivos militares em 137 mil soldados. A partir de 2023, as Forças Armadas russas passarão a contar com um total de mais de 1,15 milhões de operacionais, informou a agência de notícias Interfax. Embora a Rússia não se pronuncie oficialmente sobre o número de baixas na invasão, a Ucrânia revelou, em julho, que já morreram mais de 40 mil membros do exército russo.
Não é claro como será feito o reforço, se por um aumento de recrutas, voluntários, ou ambos. O Kremlin tem afirmado que apenas soldados voluntários contratados estão a participar na "operação militar especial", rejeitando as alegações de uma ampla mobilização de forças de guerra.
Na quarta-feira - dia que marcou os seis meses de guerra e a celebração da Independência da Ucrânia -, um ataque russo à estação ferroviária de Chaplino, em Dnipropetrovsk, provocou pelo menos 25 mortos, segundo um novo balanço das autoridades divulgado esta quinta-feira. Há dois menores entre as vítimas mortais, sendo que outras 31 pessoas ficaram feridas. A Rússia alegou que o alvo seria um comboio com armamento, e que 200 soldados ucranianos morreram no ataque.