O socialista Álvaro Beleza quer que o secretário-geral do PS, António Costa, revele se tem, e qual é, "a estratégia" para as presidenciais de janeiro. Mais: o segurista exige uma vitória nessas eleições.
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À entrada da reunião da comissão política do PS, esta terça-feira à noite, no Largo do Rato, em Lisboa, Beleza admitiu que, mais que discutir "as razões de uma derrota" nas legislativas, exige "saber qual é a estratégia para a vitória nas eleições presidenciais".
"Entrei no PS faz hoje 30 anos, a seguir à maior derrota eleitoral do Partido Socialista. Confesso que não pensava, passados estes 30 anos, estar aqui a discutir e a debater as razões de uma derrota", concluiu o ex-número dois de António José Seguro.
Antes de Beleza, António Galamba, outro segurista, avisou as tropas costistas de que não têm mandato do PS para negociarem uma solução governativa em coligação com quaisquer forças políticas.
"Não há mandato para nada disso (negociar à Esquerda ou à Direita). O mandato do dr. António Costa era para ter maioria absoluta. Não conseguiu e, portanto, tem de procurar dentro do partido mandato para fazer o que quer que seja nessas matérias e também nas presidenciais", apontou, acusando o líder socialista de não ter atingido nada a que se propôs no verão de 2014.
"Julgo que, perante um líder que se candidatou com dois pressupostos - unir o partido e ter maioria absoluta - e não conseguiu nenhum dos dois, deveria ter colocado o lugar à disposição. Sobretudo porque interrompeu um ciclo de duas vitórias nas eleições autárquicas e nas eleições europeias", disse.
Uma visão contrária, que permita um acordo à Esquerda, foi defendida por João Soares, também na entrada para a Comissão Política.
Para o antigo presidente da Câmara de Lisboa, que geriu a cidade graças a um acordo de socialistas com o PCP e a UDP (uma das forças que deu origem ao Bloco de Esquerda), a "Direita quer impor" o regime de "todos são iguais, mas uns são mais iguais que outros". "É a tal história do "arco da governação", que, felizmente, quer o anterior secretário-geral, António José Seguro, de quem fui sempre um apoiante, quer o atual, António Costa, sempre rejeitaram", lembrou.
"O PS deve comprometer-se seriamente na obtenção de uma maioria absoluta de Esquerda, que permita ao país ter um governo estável durante quatro anos, dispondo de uma maioria parlamentar absoluta", concluiu João Soares.
A reunião da Comissão Política do PS sucede a outros dois encontros de António Costa durante o dia, um com os dirigentes federativos distritais do partido e um segundo com grande parte dos 85 deputados eleitos no domingo.