O presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas afirmou que a demissão do general Rovisco Duarte de Chefe do Estado-Maior do Exército foi "inesperada" e considerou que as condições políticas "não permitiram" que continuasse no cargo.
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"A demissão do general Rovisco Duarte, assim ainda muito a quente, é uma demissão inesperada. O general teve um mandato de dois anos e meio, com muitos acontecimentos que não lhe facilitaram em nada o mandato e estaria agora a apenas seis meses do final do mesmo", disse à agência Lusa o general António Mota, presidente da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA).
António Mota referiu que, devido à "resiliência" que o general Rovisco Duarte demonstrou ao longo do tempo, "não era expectável" a sua demissão. "Não sabendo nós, em concreto, as razões que o levaram a pedir a demissão, sabemos pela carta que enviou aos militares que as condições políticas não lhe permitiram manter no cargo", frisou.
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António Mota lembrou as declarações do presidente do PS, Carlos César, já depois da demissão do ministro Azeredo Lopes, sobre possíveis consequências que deviam ser também assumidas pelas Forças Armadas.
"Mais do que um recado indireto, é quase que um megafone a dizer ao general Rovisco Duarte que, da parte do poder político, se esperava que ele tomasse uma decisão deste género. Não é por declarações de um político que um militar, Chefe do Estado-Maior, se demite, mas não contribuíram de forma positiva para que permanecesse no cargo", salientou.
António Mota considerou ainda que a demissão "não será uma assunção de culpa em relação a Tancos", reafirmando que as "condições para se manter no cargo é que não foram as suficientes".
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Sobre o sucessor do general Rovisco Duarte, o presidente da AOFA defendeu que deve ser uma pessoa respeitada pelos militares.
"Não concordamos com a forma como as chefias militares são nomeadas para os cargos, porque são nomeadas com critérios iminentemente políticos. O que é importante é que seja um homem em quem os seus homens se revejam como um comandante e como um líder e é isso que ambicionamos para o substituto do general Rovisco Duarte", concluiu.
O general Rovisco Duarte justificou perante o Exército o pedido de demissão do cargo de Chefe do Estado-Maior do ramo afirmando que "circunstâncias políticas assim o exigiram", disseram à Lusa fontes militares.