A Metro do Porto e a STCP dão boleia à campanha eleitoral na Invicta. Partidos acreditam numa maioria de Esquerda no Parlamento para pôr fim ao "golpe" da Direita.
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A concessão das operações das duas empresas públicas, que o Governo PSD/CDS-PP insiste em concretizar num "golpe antidemocrático", é para travar. Jorge Machado e José Soeiro, candidatos da CDU e do Bloco de Esquerda pelo círculo do Porto, carregam no acelerador a fundo rumo à revogação das privatizações. O compromisso para a próxima legislatura foi assumido, ontem à tarde, pelos dois partidos de Esquerda. E só esperam que o PS siga nesta viagem.
A CDU e o BE acreditam que, nas eleições legislativas de 4 de outubro, sairá uma maioria de Esquerda na Assembleia da República. E desafiam os socialistas a unirem-se aos dois partidos para pôr fim à entrega das operações das empresas a privados: a do Metro do Porto à Transdev e a da STCP à Alsa. "Em vez de propor uma comissão de inquérito, o PS deverá fazer legislação que revogue este negócio" na próxima legislatura, defendeu Jorge Machado. Tanto o cabeça de lista da CDU pelo Porto como José Soeiro, número dois do BE pelo distrito, participaram na Tribuna Pública "Em Defesa do Serviço Público de Transportes", promovida pela CGTP na praça da estação da Trindade do Metro do Porto.
Pedido ao Ministério Público
Lá ouviram as queixas dos trabalhadores das duas empresas e dos movimentos de utentes, certos de que a concessão conduzirá ao aumento de tarifas e à deterioração dos serviços do Metro e da STCP.
"O Governo está isolado e tem a oposição dos autarcas, dos trabalhadores e dos utentes neste processo. É importante que os partidos de Esquerda não se fiquem pela crítica e que o PS assuma as suas responsabilidades para devolver o Metro e a STCP à região. Por nossa parte, já assumimos o compromisso de propor a anulação da concessão no Parlamento durante a próxima legislatura", remata José Soeiro. Nem a CDU nem o BE acreditam que a Direita no poder vai inverter o rumo. Mas Cavaco Silva pode e deve intervir para evitar factos consumados, entende Jorge Machado. "É altura do presidente da República intervir, puxar as orelhas ao Governo e pô-lo em gestão, para que a decisão sobre a concessão dos transportes públicos fique para o próximo Parlamento", frisou.
A CGTP promete não ficar de braços cruzados. Para já, prepara uma ação popular para travar a concessão das duas transportadoras na Justiça e enviará um requerimento ao Ministério Público para que investigue e clarifique o negócio destas privatizações. No dia seguinte às eleições, estará, garante o secretário-geral Arménio Carlos, na linha da frente da luta pela anulação das concessões: "É possível travar o processo, desde que haja vontade política" da Esquerda.