Governo avisa para semana "difícil", que abre com proibições e apelo à prevenção. Sábado, as chamas continuaram a lavrar em Ponte da Barca e cercaram aldeias em Vila Real e em Sabrosa.
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O país está em situação de alerta desde as 0.00 horas deste domingo até quinta-feira e perspetiva-se uma semana muito "difícil". O aviso foi dado pela ministra da Administração Interna, Maria Lúcia Amaral, face à previsão do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) de que o "episódio de tempo quente" que vivemos se prolongue até quarta-feira, com os termómetros a atingirem os 36 e 44 graus Celsius. Ontem, o dia foi mais calmo com menos focos de incêndios, mas, ainda assim, as chamas cercaram aldeias em Vila Real e em Sabrosa, e o fogo, que lavra há uma semana no Parque Natural da Peneda-Gerês, continua sem dar tréguas em Ponte da Barca.
Segundo a página oficial da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, ao início da madrugada, o incêndio em São Cibrão, em Vila Real, mobilizavam 303 operacionais e 100 viaturas, e no fogo de Ponte da Barca estavam 558 efetivos e 182 veículos.
Este ano, as chamas já consumiram 33.311 hectares, fustigando sobretudo o Norte, que viu pintados de negro 21.863 hectares. Só desde domingo passado, dos 14.951 hectares consumidos devido a 717 fogos em todo o país, 9935 foram no Norte. Esta região deverá continuar a ser o foco das preocupações, pois o mapa de perigo de incêndio rural do IPMA mostra risco máximo no Interior Norte, assim como no Interior Centro e no Algarve. A situação só deverá melhorar para quinta-feira, mas muitos concelhos do Interior Norte continuarão a viver dias de risco máximo ou muito elevado. Com a situação de alerta decretada pelo Governo, há ações que vão ser proibidas nos próximos dias. O presidente da República está de acordo de que mais vale prevenir. "Prevenir significa os portugueses saberem o que se passa, as autoridades terem poderes mais fortes para ir mais longe", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.
Nada de pirotecnia
É por causa da "manutenção de temperaturas muito altas, baixos níveis de humidade e da necessidade de adotar medidas preventivas e especiais de resposta ao risco de incêndio em grande parte do território português" que a ministra da Administração Interna anunciou, ontem, numa declaração sem direito a perguntas, que Portugal entrou este domingo em situação de alerta, algo que se vai prolongar até ao final de quinta-feira.
Maria Lúcia Amaral apelou a uma "ação preventiva" dos cidadãos, pedindo que evitem práticas que possam provocar incêndios. Ao mesmo tempo, garantiu a preparação das autoridades envolvidas no combate aos incêndios. "Portugueses, a próxima semana será difícil", advertiu, sublinhando que todo o dispositivo de combate aos incêndios está pronto e mobilizado. A resposta da GNR, da PSP e das Forças Armadas será reforçada com "mais vigilância, fiscalização e patrulhamento".
Durante o período de alerta, serão implementadas várias medidas de caráter excecional, que incluem a "proibição da realização de queimadas e queimas, bem como a suspensão das autorizações que tenham sido emitidas". Também é proibido o "acesso, circulação e permanência no interior dos espaços florestais". Proibidos estão ainda quaisquer trabalhos em espaços florestais ou rurais que impliquem o uso de maquinaria, assim como a utilização de fogo de artifício ou outros artefactos pirotécnicos (mesmo nos casos que já tinham sido autorizados). De fora ficam, por exemplo, trabalhos para alimentação de animais, tratamento de culturas agrícolas e trabalhos de construção civil inadiáveis, desde que adotadas medidas de mitigação de risco de incêndio.