Dos que apoiam o reforço da vigilância aos desiludidos com Marcelo: as reações
As forças políticas já reagiram ao discurso do presidente da República, defendendo que o Governo está fragilizado e enfrenta "um óbvio problema de credibilidade". Para alguns, é lamentável que o chefe de Estado tenha segurado um Executivo "que não respeita as instituições".
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PSD
Hugo Soares, secretário-geral do PSD, disse esta quinta-feira que "um Governo que não assume a sua responsabilidade é um Governo que perde a confiabilidade", mas disse "respeitar" a decisão do presidente da República de manter o Governo em funções. ""Respeitamos as conclusões a que o senhor presidente da República chegou e que é necessário de facto um reforço da vigilância deste Governo", disse, numa declaração na sede nacional do partido.
O PSD insiste que "o Governo está diminuído na sua autoridade" e avisa que "se o calendário eleitoral vier a ser antecipado, essa instabilidade deve-se única e exclusivamente ao primeiro-ministro e ao Governo".
Iniciativa Liberal
Rui Rocha, líder da IL, reconheceu que Marcelo Rebelo de Sousa fez uma "avaliação absolutamente arrasadora da atuação do Governo e do primeiro-ministro", acusando António Costa de pôr em causa a "respeitabilidade da solução governativa" do país. Mostrou-se, contudo, desiludido, pelo facto de o presidente da República não ter devolvido aos portugueses a possibilidade de escolherem um novo Governo.
"O presidente da República amarrou a avaliação deste seu mandato aos próximos tempos da governação de António Costa, a partir de agora são corresponsáveis pelo que vier a acontecer", disse, lamentando que Marcelo Rebelo de Sousa opte por manter em funções "um Governo que não respeita as instituições e não tem visão de futuro.
Chega
Pedro Pinto, líder parlamentar do Chega, diz que o presidente da República optou por manter em funções "um governo em farrapos" que não dá "credibilidade ao país "Achamos que o PR devia ter ido mais além e ter terminado este Governo", disse numa declaração no Parlamento.
O Chega admite que o partido não ficou surpreendido com a decisão de Belém e deixa uma crítica a Marcelo Rebelo de Sousa que, em seu entender, "devia ter tido a coragem política" de travar este Governo. "Faltou-lhe essa coragem hoje de dar esse passo", lamentou.
BE
Mariana Mortágua, deputada do BE, defendeu que "há um óbvio problema de credibilidade" quando o primeiro-ministro opta por manter em funções ministros que mentem"
Mas apontou também baterias ao presidente da República que "ajudou a criar as condições políticas" para a maioria absoluta do PS.
"O presidente da República está enredado numa maioria absoluta arrogante, prepotente que não leva o país a sério", disse, garantindo que podem "contar com a fiscalização sempre séria do BE" e apelando às "mobilizações populares porque só elas têm o poder de impor medidas que podem transformar a nossa vida".
Questionada sobre se este pode ser um Governo a prazo, Mariana Mortágua disse que "todos os governos que não respondem pelo povo são governos a prazo quanto mais não seja porque terão de enfrentar as mobilizações populares".
PCP
Paula Santos, líder parlamentar do PCP, defendeu que "a estabilidade também é a estabilidade da vida das pessoas" e lamentou que hoje isso esteja ameaçado com as opções políticas do Governo. "É nisso que o Governo deve estar concentrado", disse, apelando a que "não se encontrem subterfúgios para se desviar do essencial".
Livre
Rui Tavares considerou que o presidente da República "devia ter chamado os partidos a Belém". "Há um plano para sair desta crise e que passa pelo Parlamento", disse, apontando baterias à maioria absoluta do PS que tem travado a ação política.
"Há um Governo amaldiçoado por uma maioria absoluta e é isso que nós temos que superar ,mas não é isso que está a acontecer", disse Rui Tavares, lamentando que, com esta crise, "o Governo fechou-se na sua partidarite".
PAN
Inês Sousa Real, líder do PAN, diz que o presidente da República "tinha dois caminhos" - ou dissolver a Assembleia da República ou convocar António Costa para formar um novo Governo e "garantir que havia uma reforma no Governo".
"Não basta levar um ralhete. Neste momento, Portugal precisa que sejam feitas as reformas estruturais", disse a deputada, apelando a que esta instabilidade tenha um fim e que António Costa faça as reformas necessárias.