Comunicar é uma marca da sua presidência. O presidente da República fala diariamente ao país, por vezes mais do que uma vez entre discursos e respostas aos jornalistas. A partir do Palácio de Belém, Marcelo Rebelo de Sousa fez 30 declarações ao país além da feita esta quinta-feira, 15 delas relacionadas com o estado de emergência por causa da pandemia. Além das mensagens de ano novo, o presidente fez declarações pela morte de antigos presidentes, após as tragédias dos fogos em 2017, o início da guerra na Ucrânia e a dissolução do Parlamento anunciada a 4 de novembro de 2021.
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1 de janeiro de 2023: Aviso ao Governo
Este é um ano "decisivo", avisou o presidente na tradicional mensagem de Ano Novo. Após as eleições antecipadas, o presidente alertou que se o país não tivesse um ano com estabilidade política podia comprometer "irreversivelmente" os compromissos para a década.
"Só o Governo e a sua maioria podem enfraquecer ou esvaziar" a estabilidade política, defendeu sem se referir às onze demissões do Executivo durante os primeiros nove meses de mandato. O presidente apontou as falhas que comprometiam até então a fulcral estabilidade política: "erros de arrogância", descoordenação, fragmentação interna, inação, falta de transparência e "descolagem da realidade".
23 de Outubro de 2022: Morte de Adriano Moreira
Marcelo já havia condecorado Adriano Moreira pelo seu 100º aniversário e no dia da sua morte fez uma declaração ao país, tal como nos dias em que Jorge Sampaio (10 de setembro de 2021) e Mário Soares (7 de janeiro de 2017) faleceram. Aos três agradeceu a vida dedicada à defesa da democracia e liberdade.
24 de Fevereiro de 2022: Guerra na Ucrânia
O presidente fez uma declaração no dia em que a Rússia invadiu a Ucrânia, 24 de fevereiro de 2022. Condenou "veementemente" a violação do direito internacional e manifestou solidariedade ao povo ucraniano.
29 de Janeiro de 2022: Véspera de legislativas
Na véspera das legislativas, no dia 29 de janeiro, o presidente fez uma declaração ao país, não só a apelar ao voto mas especialmente a sublinhar a importância e diferença dessas eleições: as primeiras marcadas em democracia na sequência de um chumbo do Orçamento do Estado. Marcelo frisou a "urgência da reconstrução económica e social" após a pandemia. "Recuperar a economia e mitigar desigualdades sem mudanças profundas é o mesmo que encharcar com milhões areias de um deserto", disse.
1 de janeiro de 2022: Ano de Viragem
"Este 2022 tem de ser mesmo ano novo, vida nova. Num mundo com menos pandemia e mais crescimento, menos pobreza e empenho no clima, menos egoísmo e mais atenção ao custo imediato da vida", acrescentou Marcelo não deixando de apelar ao voto nas legislativas antecipadas para 30 de janeiro.
4 de novembro de 2021: Dissolução do Parlamento
Desde a entrega da proposta de lei pelo Governo, o presidente fez diversos avisos à Oposição e Executivo que se o Orçamento fosse chumbado convocaria eleições antecipadas. E assim fez. Não só pela reprovação da lei mas por ser "um momento decisivo" para a saída da pandemia e consequentes crises económica e social. "Era um orçamento especialmente importante, num momento especialmente importante", disse. A dissolução do Parlamento e antecipação das legislativas foi anunciado "sem dramatizações" porque esse poder presidencial faz parte da vida democrática.
"Todos dispensávamos mais uma eleição poucos meses depois de outra mas é o caminho que temos pela frente para reforçar a certeza, a segurança e a estabilidade. O único caminho que permite aos portugueses reencontrarem-se com os seus representantes e decidirem o que querem para os próximos anos", defendeu Marcelo Rebelo de Sousa.
25 de setembro de 2021: Autárquicas
Na véspera das autárquicas, o presidente fez uma declaração ao país por serem as primeiras eleições "marcadas por três crises" em simultâneo: pandemia, economia e sociedade.
5 de agosto de 2021: Medalhas olímpicas
O presidente fez uma declaração ao país a elogiar a conquista de medalhas nos Jogos Olímpicos de Tóquio pelos atletas Pedro Pichardo, Patrícia Mamona, Jorge Fonseca e Fernando Pimenta.
27 de abril de 2021: Fim do Estado de Emergência
Ao fim de mais de cinco meses após decretar o segundo estado de emergência, o presidente fez uma declaração ao país para anunciar o seu fim após ouvir especialistas, partidos e Governo. "Não estamos ainda numa era livre de perigo, livre de covid e enfrentamos ameaças", alertou. O segundo estado de emergência foi anunciado a 6 de novembro de 2020, justificado na declaração pela necessidade de prevenção para travar a pandemia e o número crescente de infetados, internamentos e mortes que cresciam há semanas. Este segundo estado de emergência foi renovado 11 vezes e o presidente fez quase sempre declarações.
1 de janeiro de 2021: Tradição interrompida
Marcelo Rebelo de Sousa não fez a tradicional mensagem de Ano Novo por ser candidato às presidenciais. No ano antes, o presidente inovou fazendo uma declaração em direto, à hora de almoço, a partir da ilha do Corvo, nos Açores. Marcelo já não foge à tradição quanto a aproveitar estas mensagens para fazer avisos. Na primeira, em 2017, pediu mais crescimento económico e em 2018 lamentou que tenha sido "insuficiente". Já em 2019, alertou contra a demagogia e populismos e apelou ao voto nas três eleições desse ano.
18 de março de 2020: Pandemia
Cerca de duas semanas depois da primeira morte no país por covid-19, o presidente anuncia o primeiro Estado de Emergência. "Uma decisão excecional, num tempo excecional". Nessa declaração, Marcelo prepara o país para o tempo que a pandemia pode durar e para os desafios que irá colocar ao Serviço Nacional de Saúde e à economia.
17 de outubro de 2017: Fogos
A declaração após os incêndios na região centro foi feita de Oliveira do Hospital. O presidente já havia feito uma declaração ao país após o incêndio em Pedrógão Grande, a 18 de junho em que foi decretado três dias de luto nacional. "A nossa dor neste momento não tem medida", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, garantindo que as duas tragédias, que provocaram 114 mortos, nunca seriam apagadas da sua memória.