Sindicatos asseguram que os problemas se vão agravar com a chegada de milhares de turistas, mas garantem que "ninguém deixará de ser visto".
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"É problemático o que vem aí. Se os hospitais e os centros de saúde do Algarve já funcionam mal agora, se não dão resposta a todos, com mais um milhão de pessoas cá a situação não vai melhorar, pelo contrário". Para João Proença, presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul (SMZS), há "nuvens" sobre a resposta do Centro Hospitalar do Algarve (hospitais de Faro, Portimão e Lagos) às centenas de milhares de pessoas que nos próximos meses vão passar férias no litoral algarvio. Até porque, considera o médico, existem dúvidas se os privados, para onde os doentes são por vezes encaminhados, "terão população médica e de enfermagem suficiente que assegure uma boa resposta em tempo útil".
Comparativamente com os verões dos últimos anos não há nada de novo, julga o secretário regional do Algarve do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), João Dias. "Por vezes, haverá uma maior afluência à Urgência e nessa altura existirão mais dificuldades, mais tempo de espera, mas isso já aconteceu nos anos anteriores", desvaloriza, até porque "ninguém vai deixar de ser visto", garante.
Pediatria em risco
Uma ideia repetida pelo representante dos autarcas algarvios. "As dificuldades nos cuidados de saúde são as mesmas de sempre e não há motivos para alarmismos", diz António Pina, presidente do Conselho Intermunicipal do Algarve.
O Centro Hospitalar do Algarve tem falhas em várias especialidades, mas os sindicatos salientam que a pediatria é das mais preocupantes. "Ainda não chegou o verão e já não há serviço de pediatria para atender na Urgência", afirma João Proença. João Dias diz mesmo que "a unidade de pediatria em Portimão está em risco de fechar, pois está praticamente sem médicos", mas a situação "não é de agora". Também "a ortopedia está reduzida a um terço do que deveria estar".
Tarefeiros remedeiam
Falhas que vão sendo remediadas com a contratação de médicos tarefeiros a receber "quatro vezes mais" do que os outros profissionais de saúde nas mesmas funções. "O atendimento vai continuar na mesma à custa deste sistema. Qualquer dia temos 80% dos profissionais de saúde em regime de tarefa", critica João Dias.
O presidente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul lembra que "todos os anos os hospitais da região contratualizam através de uma empresa espanhola profissionais de saúde para assegurar o Algarve".
ARS promete organizar
A Administração Regional de Saúde (ARS) do Algarve diz que "em articulação com os três agrupamentos de centros de saúde da região, à semelhança dos anos anteriores, está a articular-se de forma a reorganizar os serviços para fazer face a eventuais necessidades durante o verão, quando a população triplica".
O Centro Hospitalar do Algarve não respondeu às questões enviadas pelo JN.