Dirigentes das duas regiões esperam decisões sobre o projeto na Cimeira Ibérica, na próxima sexta-feira, em Viana do Castelo. Acredita-se que com comboio de alta velocidade as relações comerciais, turísticas e entre as pessoas vão mudar de um modo sem precedentes.
Corpo do artigo
O comboio de alta velocidade (TGV) entre as cidades do Porto e de Vigo é defendido como prioridade absoluta para os próximos anos pela Eurorregião Galiza-Norte de Portugal. É considerada vital para o desenvolvimento das relações económicas e sociais no noroeste da Península Ibérica.
António Cunha, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), e Alfonso Rueda, presidente da Junta da Galiza, participaram este sábado, na Casa de Mateus, em Vila Real, num debate sobre o futuro da Eurorregião. Ambos concordaram que desejam que o assunto esteja em cima da mesa e que saiam decisões da Cimeira Ibérica que vai decorrer, na próxima sexta-feira, em Viana do Castelo.
Apesar de nesta reunião magna estar prevista a discussão de vários temas que importam aos dois países como um todo, António Cunha sublinha a "importância extrema" que as duas regiões dão à "ligação por comboio de alta velocidade entre Porto e Vigo".
O troço reveste-se ainda de mais relevância se for olhado num "quadro de ligação entre A Coruña e Lisboa" e, através de um prisma mais alargado, como "a conexão do Norte de Portugal à Europa". O presidente da CCDR-N acredita que quando isso acontecer, "as relações comerciais, turísticas e entre as pessoas vão mudar de um modo sem precedentes".
Alfonso Rueda lembra que "as relações mais estreitas, desde há muitos anos, entre Espanha e Portugal, são desenvolvidas pela Galiza e pelo Norte português". Daí que considere "fundamental", até porque a Cimeira se realiza dentro da Eurorregião, que "os temas que lhe interessam estejam em cima da mesa".
Ora, tendo em conta que o Governo português já anunciou a intenção de ligar Lisboa e Porto por TGV, com extensão posterior até Vigo, Alfonso Rueda não vê razões para que Espanha não comece já a fazer a sua parte de modo a concretizar a ligação entre os dois países. "É fundamental que seja conhecida a agenda espanhola", frisa, até porque "se vê bastante indefinição por parte do Ministério de Fomento, dizendo que há tempo até 2030 para fazer tudo".
O presidente da Junta da Galiza entende, porém, que "para as coisas se fazerem bem há que as colocar em cima da mesa", designadamente, "a forma como se vai construir a infraestrutura, o prazo e o orçamento". Daí a esperança de que da Cimeira Ibérica saia uma decisão que "não levante qualquer dúvida e que seja o ponto de partida para se começar a trabalhar".
Segundo Alfonso Rueda, o comboio de alta velocidade espanhol chegou este ano à Galiza e durante o primeiro trimestre de 2023 ficarão ligadas as principais cidades da região. "Estamos a apenas duas horas de Madrid, todos os dias os comboios andam cheios e espero que isto também venha acontecer quando houver uma ligação ao Norte de Portugal".