PSP e GNR registaram, no ano passado, 1494 ataques de cães, uma ligeira diminuição face ao ano anterior (menos 24), mas ainda assim uma média de quatro por dia.
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Na área da GNR, o Porto foi o distrito com mais ataques, a par de Castelo Branco (44): no Porto, os ataques aumentaram mais de cinco vezes face a 2020 (tinham sido oito). Na quarta-feira, uma menina de três anos foi atacada por um rottweiler em Santarém (ler texto ao lado).
Nas áreas urbanas patrulhadas pela PSP também houve um aumento: de 1030 mordeduras de cães em 2020 para 1070 no ano passado, não tendo sido disponibilizado dados por distrito. Na área da GNR, os ataques diminuíram - de 488 em 2020 para 424 em 2021 -, com o Porto e Castelo Branco no topo.
De acordo com fonte da GNR, "a Guarda tem estado particularmente atenta a este fenómeno, sendo os distritos de Bragança, Castelo Branco, Coimbra, Évora, Portalegre, Porto e Vila Real os mais afetados, pese embora existam ocorrências dispersas por todo o território nacional".
mais multas aos donos
Quanto às multas, no ano passado foram autuados 135 donos de cães por falta de açaimo ou trela no passeio, 110 dos quais pela PSP. No que diz respeito ao treino obrigatório, foram multados 241 donos de cães. Em ambos os casos, houve um aumento, ainda que ligeiro, face a 2021.
Os cães que atacam são classificados como perigosos e em Portugal há 2519 cães assim identificados. Estes, tal como os de raça potencialmente perigosa, têm que obedecer a uma série de regras para o passeio na via pública, como uso de trela e açaimo, bem como o treino obrigatório junto de treinador certificado. Os detentores têm que receber formação teórica nas esquadras e as multas vão dos 750 euros aos 5000 euros.
críticas ao governo
Jorge Cid, bastonário da Ordem dos Médicos Veterinários, atribui esta redução dos ataques à pandemia. "As medidas restritivas e o facto de haver menos pessoas na rua explicam a diminuição de ataques, já que a atuação do Governo, no que diz respeito à diminuição de animais errantes, tem sido nula". Até 2019, os dados mostravam um aumento constante de ataques, passando de 1140 em 2016 para 1529 em 2019, disse. Mas a pandemia acabou por contribuir para a diminuição dos ataques.
Jorge Cid fez parte do grupo de trabalho criado pelo Governo para definir uma estratégia nacional para os animais errantes. A principal medida, proposta no início do ano passado, era o recenseamento nacional de animais de companhia, que o Governo apontou para 2023. "Temos que perceber o número real de animais de companhia e sua distribuição pelo território, se queremos aplicar com mais eficácia qualquer medida", refere o bastonário.
A principal medida passaria pelo reforço de verbas para a esterilização em massa de animais de famílias carenciadas.