Costa diz que Marcelo "está acima de qualquer suspeita" e quer Tancos fora da campanha
O secretário-geral do PS e primeiro-ministro classificou esta quinta-feira de "disparates" as notícias que aludem a um eventual conhecimento, por parte do presidente da República, do alegado encobrimento na recuperação das armas de Tancos. Diz que Marcelo Rebelo de Sousa está "acima de qualquer suspeita" e quer o caso Tancos fora da campanha eleitoral.
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"Há notícias que não se podem sequer ter em conta nem levar em consideração. Se eu fosse a comentar cada notícia que aparece a dizer os maiores disparates sobre mim, sobre o presidente da República, sobre quem quer que seja, não faríamos mesmo rigorosamente mais nada", disse aos jornalistas, no final de uma arruada de cerca de 30 minutos em Moscavide, Loures. "Quanto ao senhor presidente da República, creio que está acima de qualquer suspeita sobre o que quer que seja", disse.
"Há cinco anos que mantenho sempre a mesma regra, não é agora que a vou quebrar. Os casos da Justiça tratam-se na Justiça, não se tratam nem na rua, muito menos em campanha eleitoral", defendeu o secretário-geral do PS, recusando pronunciar-se sobre notícias desta quinta-feira de que o seu ex-ministro da Defesa, Azeredo Lopes, será acusado no âmbito do inquérito da Justiça à recuperação das armas furtadas em Tancos em junho de 2017.
António Costa fez esta curta declaração no final de uma arruada na Avenida de Moscavide, ao som de uma fanfarra, que ia abrindo caminho ao mesmo tempo que eram distribuídas rosas vermelhas pela população, maioritariamente idosa.
"Isto é uma vergonha"
Pelo caminho foi sendo abundantemente saudado pela população, a quem ia pedindo que lhe deem "mais força" a 6 de outubro para que possa continuar o trabalho. Antonieta Guerra, 78 anos, não descansou até que o conseguiu beijar e "agradecer por tudo o que tem feito". Apesar do aumento da reforma ser "ainda pouco", dá o benefício da dúvida ao PS e a António Costa, a quem promete confiar o voto. "As coisas vão sendo aos poucos".
Quem não estava por meias medidas era Elsa Maria Pinto, costureira, 68 anos. Quando se apercebeu da presença do "ministro" na rua, não escondeu a sua irritação e, incentivada por uma prima, decidiu confrontar António Costa com a sua história. "Isto é uma vergonha, só nestas alturas é que vocês pensam", atirou. "Há dois anos que pus o papel para a reforma. Tenho aqui o papel e até hoje não me deram qualquer tipo de resposta. Já lá fui montes de vezes", disse, ao que o primeiro-ministro lhe pediu uma cópia do papel do pedido para ver o que é se está a passa junto da Caixa Geral de Aposentações. A mulher revelou ter nova marcação para 23 de outubro. "Estou para ver o que é que eles me vão dizer".