Carlos Pereira, deputado do PS que participou na reunião secreta de janeiro com o Governo e a CEO da TAP, na véspera de Christine Ourmières-Widener ser ouvida em audição, está de saída da comissão de inquérito.
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A Oposição atacou o facto de Carlos Pereira ser coordenador do PS na comissão parlamentar de inquérito da TAP e ter estado no encontro, na véspera da audição de Christine Ourmières-Widener.
Carlos Pereira já não esteve presente na audição desta quinta-feira, ao presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), Luís Laginha de Sousa, e as perguntas do PS ficaram a cargo da deputada Fátima Fonseca.
A saída do deputado socialista da comissão antecipa-se à divulgação do parecer da Comissão de Transparência e Estatuto dos Deputados.
Numa declaração escrita enviada à agência Lusa, Carlos Pereira justifica a decisão com a necessidade de "proteger os resultados a apurar na Comissão de Inquérito e salvaguardar os superiores interesses do Partido Socialista".
O ainda coordenador dos deputados socialistas no inquérito à TAP alega que as notícias "que se têm repetido nas últimas semanas apenas contribuem para adensar um clima de suspeição injustificado".
O deputado eleito pela Madeira assinala que vai deixar não só a coordenação no inquérito, mas também a própria comissão.
"Entendi solicitar ao presidente do Grupo Parlamentar do PS que me desobrigasse da coordenação dos deputados do Partido Socialista na Comissão Parlamentar de Inquérito à Gestão Política da TAP, bem como, da minha presença na referida Comissão", escreve.
Esta quinta-feira, o líder parlamentar do PS desvalorizou a polémica em torno da reunião entre deputados socialistas, elementos do executivo e a presidente executiva da TAP, dizendo que os parlamentares, independentemente da bancada, reúnem-se "com quem entendem, quando entendem".
De acordo com Brilhante Dias, os deputados socialistas já fizeram centenas de reuniões preparatórias desde o início da sessão legislativa e "99,9%" dessas reuniões são para preparar processos legislativos ou audições de membros do Governo.
Eurico Brilhante Dias insistiu várias vezes que todos os 230 deputados, e não apenas os do Grupo Parlamentar do PS, "têm o direito de fazer reuniões preparatórias com quem entendem, quando entendem, e faz parte da sua atividade".
No caso desta reunião, disse, ocorreu "a pedido da própria" presidente executiva da companhia aérea.
Questionado sobre como é que Christine Ourmières-Widener teve conhecimento da reunião, o líder parlamentar respondeu: "é uma pergunta a que não posso responder, mas é uma pergunta absolutamente irrelevante".
"Aquilo que é relevante é a informação de que foi por vontade própria. A possibilidade normal de saber que a reunião preparatória ia ocorrer pode ter acontecido por diferentes circunstâncias, e eu não conheço as diferentes circunstâncias e as diferentes possibilidades. Pode ter sido na própria TAP, através de interação com o gabinete do senhor ministro, pode ter sido em interação com o gabinete do senhor secretário de Estado", respondeu, garantindo que não foi através do grupo parlamentar do PS.