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Imagine-se um mês a lutar sem munições, sem comida, sem água. Imagine-se a dureza de 40 dias a resistir quando os inimigos impõem um recuo irreversível, rumo a um beco sem saída. Imagine-se a angústia de saber que já nem a bravura valerá para resistir por mais um dia. Eis a pungente realidade da 36.ª brigada da Marinha Nacional das Forças Armadas ucranianas, estacionada num porto do sudeste de Mariupol.
Cientes de que a "batalha final" estaria por horas, os militares ucranianos recorreram às redes sociais em jeito de amargurada despedida. "Será a morte para alguns de nós e o cativeiro para outros", anunciaram, numa publicação que se detalha aqui. Pediram ainda para ser recordados com uma palavra amável. Por isso, estas primeiras linhas não poderiam deixar de ser deles. Tanto mais quanto, à hora que lhe escrevo, chegam notícias de que os separatistas pró-russos garantem ter conquistado a zona portuária de Mariupol.
E os relatos tenebrosos da guerra que há 47 dias dilacera a Ucrânia não ficam por aqui. Ainda a propósito de Mariupol, Volodymyr Zelenksy, presidente ucraniano, garante que dezenas de milhares de pessoas já morreram nesta cidade, que há semanas está cercada por soldados russos. Isto no mesmo dia em que Liudmyla Deniosa, responsável dos Direitos Humanos do Parlamento ucraniano, assegurou que 183 crianças já tinham morrido desde o início da invasão russa. Outras sobreviveram, mas ficaram sem os pais. Só em Portugal, já entraram 360 menores sem os progenitores.
Da tragédia humanitária para as consequências socioeconómicas do conflito, o Governo português anunciou, nesta segunda-feira, as medidas extraordinárias destinadas a conter o aumento dos preços dos bens energéticos e alimentares que a guerra tem espoletado. A redução do ISP e o fim do Autovoucher são as principais novidades, mas pode consultar todas as medidas anunciadas pelo Executivo aqui.
O anúncio surge no mesmo dia em que a Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas (Apetro) adiantou de quanto foi a subida do preço médio de venda ao público da gasolina e do gasóleo no primeiro trimestre deste ano, em termos homólogos. Se quiser ver os números que seguramente já tem sentido no bolso, pode fazê-lo aqui.
Esta segunda-feira fica ainda marcada por novos desenvolvimentos desta confrangedora história envolvendo Cristiano Ronaldo. Numa entrevista ao "The Telegraph", a mãe do jovem adepto a quem CR7 partiu o telemóvel reiterou as críticas ao português. E não se mostrou minimamente sensibilizada com o pedido de desculpas já feito.
Na esfera desportiva, nota ainda para o adeus de Melinha, a icónica adepta do Sporting de Braga que, como aqui se conta, morreu aos 86 anos sem cumprir o maior sonho que tinha.
A fechar, vale a pena assinalar a descoberta de uma terapêutica que reverte a resistência à quimioterapia. Como um ténue raio de sol que emerge num emaranhado de notícias sombrias. Viva a ciência, pois. E a bravura de quem luta sabendo que a derrota está certa. Tenha uma boa semana.
(NOTA: Esta NL foi enviada antes de a Câmara de Mariupol anunciar que a conta de Facebook das Forças Armadas ucranianas, onde se falava da alegada "batalha final", foi pirateada)