A Rússia vai invadir a Ucrânia ou parte desse país que já fez parte da União Soviética? O combate contra a pandemia está quase terminado? A ameaça da inflação pode ser minorada com novas tabelas de IRS? Qual é a melhor arma a utilizar contra a seca severa? Na realidade, todos vivemos num universo pleno de conflitos ou de opções para resolver os problemas que vão surgindo.
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A Guerra dos Mundos, obra escrita por Herbert George Wells, conta-nos a história de uns cilindros metálicos que caem sobre Londres. Lá dentro estão marcianos que matam os humanos. Não há notícia credível que o confirme, mas não será difícil de imaginar o pânico que seria disseminado caso tal sucedesse. Voltando a colocar os pés na Terra, os receios de uma invasão russa de território ucraniano não são totalmente desprovidos de fundamento. Não é preciso ser um marciano para imaginar que algo como a anexação da Crimeia (2014) possa repetir-se de alguma forma em 2022.
A Rússia começou por reconhecer como independentes duas regiões separatistas na região de Donbass, mais concretamente Donetsk e Lugansk, situadas no Leste da Ucrânia. Ainda na segunda-feira, o Kremlin deu ordens para que o contingente de tropas junto à fronteira com a Ucrânia fosse reforçado precisamente em Donbass. Vladimir Putin pediu, já esta terça-feira, à Câmara Alta do Parlamento russo, autorização para o envio de soldados para apoiar os separatistas pró-russos no leste da Ucrânia. Um ocidental ou um ucraniano não serão capazes de olhar para esta movimentação militar como tendo o objetivo da manutenção da paz, como inicialmente foi alegado pelo próprio presidente russo.
A comunidade internacional não deixou de reagir em força, avançando com uma série de sanções que visam refrear os ímpetos belicistas de um ex-espião do KGB que assume poses de czar. Putin não se coíbe mesmo de reescrever a História, alegando que a Ucrânia não tem direito a existir. A título de exemplo, o Reino Unido anunciou sanções contra três oligarcas conhecidos por serem próximos de Putin e contra cinco bancos russos. Não menos férrea foi a reação germânica: o chanceler Olaf Scholz anunciou a interrupção do processo de certificação do gasoduto Nord Stream 2, para distribuição de gás natural russo à Alemanha. Na realidade, perde a Europa (menos gás significa preços mais elevados) e perde também a Rússia ao nível das suas receitas para o erário público.
Não queremos que o leitor se perca nos meandros de uma guerra ainda hipotética e algo distante. Se acontecer, é verdade que os efeitos serão sentidos em todas as economias europeias. Por enquanto, os portugueses podem preocupar-se mais com o impacto que a seca severa já tem sobre o Estado, as empresas e as famílias. A rega de espaços verdes, a lavagem das ruas e de equipamentos são algumas das atividades que poderão ser condicionadas para poupar água, medidas que começam a ser aplicadas já a partir desta quarta-feira. E não há sinais de chuva a cair dos céus, tendo em conta as previsões.
A inflação é também uma guerra deste Mundo que os cidadãos só podem combater com aumentos salariais. De forma encapotada, é isso que vai acontecer. Como? O Governo vai alterar as tabelas de retenção na fonte do IRS já com efeitos em março, adaptando-as aos novos escalões deste imposto previstos no Orçamento do Estado para 2022, documento que ainda não foi aprovado ainda pelo Parlamento, até porque o novo Executivo ainda nem sequer tomou posse. Quando a retenção mensal do IRS é menor, isso significa apenas que o Estado está a entregar mais cedo aos contribuintes montantes que seriam sempre devolvidos no reembolso anual. O dinheiro é todo seu, caro leitor. Simplesmente haverá uma parte que chega à sua conta bancária mais cedo. Mas deixamo-nos das guerras que vão correndo por estes mundos. Sejamos otimistas, até porque o combate contra a pandemia parece estar a ser ganho de forma paulatina.
Boa noite e um bom resto de semana.