Há razões para refletir sobre todas as desigualdades e as riquezas do país no Dia de Portugal. Mesmo nos momentos mais perturbadores, percebemos que a bravura aparece em forma de gente. Como é o caso de Manuel Pontes, um português esfaqueado e baleado no ataque num parque infantil em França. Por cá, o "Óscar" atraiçoou o início de junho, mas não inquietou os festivaleiros no Porto.
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A menos de 24 horas de se celebrar o 10 de Junho - Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas - parece que Abril ainda não se cumpriu no nosso país. Por Abril, fala-se obviamente dos ideais da Revolução dos Cravos: a paz, o pão, a habitação, a saúde e a educação, imortalizados por Sérgio Godinho em melodia. A última avaliação feita pelo Instituto Nacional de Estatística mostra que a água insalubre, a inexistência de condições de saneamento e a falta de higiene estão a matar mais portugueses. Como conta o jornalista Abílio T. Ribeiro, os indicadores de desenvolvimento sustentável não são animadores.
Somos um país a duas velocidades ou, talvez, a mais do que duas. O litoral está pressionado de gente. Os turistas (incluindo os portugueses) continuam fascinados com o país à beira-mar e não se deixam maravilhar pelos recantos de Portugal, sejam eles em Trás-os-Montes, no Alentejo ou na Guarda. Talvez, por essa razão, as comemorações do 10 de Junho, em território nacional, decorrem em Peso da Régua. Antes, o primeiro-ministro e o presidente da República estiveram na África do Sul. Marcelo Rebelo de Sousa disse, esta sexta-feira, ser preciso "chamar a atenção para os interiores às vezes esquecidos de Portugal continental".
Os portugueses estão todos ligados, mesmo que estejam separados por quilómetros de distância e até por oceanos. O ataque perpetrado, na quinta-feira, por Abdalmasih H., num parque infantil em França, deixou ferido um cidadão nacional, de 72 anos. Os jornalistas Alexandra Panda e Daniela Jogo contam qual o estado de saúde de Manuel Pontes. O homem terá tentado impedir a fuga do atacante. O Governo português agradeceu-lhe o "ato de bravura".
Sabemos que muitos estão a aproveitar os feriados para ter uns merecidos dias de descanso, mas a verdade é que o tempo não tem ajudado nos planos. A depressão Óscar provocou estragos e motivou pedidos de ajuda em vários distritos de Portugal continental. O Porto terá sido o mais afetado pelo mau tempo. No entanto, apesar da chuva e da trovoada, o público não arredou pé do Primavera Sound, como mostram a reportagem da Sara Barbosa Oliveira e do Carlos Oliveira e as fotografias do Igor Martins. O evento continua hoje, sem aviso amarelo, com os concertos de Pet Shop Boys e Rema.
Tal como a música, também o futebol distrital move muitas emoções. Os jornalistas Bernardo R. Monteiro e Sara Gerivaz foram ver o amor que os adeptos do Oliveira do Douro têm pelo seu clube. "Não posso passar sem vir ao campo porque fui nascida e criada no futebol. Conheço todos os estádios emblemáticos em Portugal e esta é a minha forma de conviver", diz uma das adeptas.
Espero que continue desse lado, num telemóvel, computador ou numa folha de jornal. A ler, ver e ouvir o que se passa em Portugal e no Mundo, através do JN.
Até breve!