Jorge Nuno Pinto da Costa celebrou 40 anos como presidente do F. C. Porto no dia 17 de abril. Esta data não pode ser indiferente para qualquer portista que compreende que existiu um clube antes dele e, após 1982, outro.
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Pertenço a uma geração de jovens que quando chegávamos à escola primária grande parte dos meninos eram adeptos de clubes de Lisboa. Eram tempos onde o país era mais atrasado e mais pobre. Vivíamos em ditadura e, nos anos 60, só existia Eusébio e o Benfica.
Desde pequeno que me habituei a ser do F. C. Porto muito por influência do ramo paterno da minha família. Em casa do meu Avô existia um grande emblema do clube e o seu carro era mesmo pintado de azul e branco. Nasci no ano de 1959, quando o F. C. Porto, após o triste episódio Calabote, foi campeão nacional pela última vez. Atravessei o triste e longo jejum de 19 anos, que só uma Taça de Portugal mereceu, de forma triste e com uma pequena alegria nos 4-0, do Lemos, ao Benfica.
Com o 25 de Abril tudo se viria a alterar. Pinto da Costa, já como diretor de futebol, conseguiu trazer de volta ao clube José Maria Pedroto e, com ele, a ambição de ganhar. Não deixou de ser um período com altos e baixos em que mostrava como se estava a incomodar o poder do futebol.
Com a sua chegada à liderança do F. C. Porto começou uma nova era, cheia de dúvidas (poucas) e desejos (muitos), que ninguém conseguia prever como seria. Os muitos títulos obtidos evidenciam como foi possível sofrer e perder, ganhar e consolidar uma marca não só nacional mas, também, internacional. Uma marca que foi muito mais longe do desporto e do futebol. Uma marca que inspirou a cidade e a região. Nos tempos mais difíceis da nossa afirmação o F. C. Porto foi a única inspiração, muitas vezes, para os mais humildes e daqueles a quem a vida era madrasta.
O F. C. Porto, na sua liderança, foi sempre a única voz a favor da cidade e da região contra o centralismo de Lisboa e de tudo o que aquela corte representa. Uma voz que estava presente quando muitos políticos se esqueciam de mostrar a sua.
Como adepto do F. C. Porto habituei-me a perceber o que é um "jogador à Porto". Alguém que representa a capacidade de resistir e não desistir. Alguém que surge do nada para se transformar numa esperança de vencer. Alguém que compreende que vestir aquela camisola azul e branca é defender um sentimento de liberdade e de vitória.
Por isso, Presidente, muito obrigado por continuar, contra tudo e contra todos, a não deixar de lutar por todos aqueles que precisam de esperança para poderem, no seu quotidiano, vencer.
Obrigado pelo seu exemplo.
*Professor universitário de Ciência Política