Nem sempre é fácil reconhecer quando é hora de sair de cena. Essa incapacidade de autocrítica é visível, mesmo entre os mais notáveis, como Cristiano Ronaldo e Joe Biden, que, apesar das suas inquestionáveis conquistas, parecem incapazes de aceitar que o seu tempo pode estar a chegar ao fim.
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Ronaldo, um dos melhores jogadores de futebol de todos tempos, enfrenta um declínio inevitável aos 39 anos. A sua performance no Euro 2024 foi francamente má, continuando a utilizar o estatuto outrora conquistado para ser titular e insubstituível. Insistência que reflete uma negação da realidade e prejudicou o desempenho coletivo. O país, por gratidão, ignora as más prestações, mas para os verdadeiros amantes do futebol, é desolador ver um ídolo incapaz de começar a retirar-se com dignidade.
Biden, por sua vez, possui uma carreira política admirável de mais de 50 anos. Em 2020, a sua vitória contra Trump foi um alívio para os que ansiavam moderação na política americana. Contudo, aos 81 anos, Biden lança-se, novamente, na disputa presidencial, apesar das suas capacidades visivelmente diminuídas. Essa decisão pode facilitar a eleição de um Trump ainda mais perigoso, colocando o futuro do país em risco.
Reconhecer os próprios limites e dar espaço ao futuro exige humildade e sabedoria, qualidades que nem sempre acompanham o sucesso e o poder acumulados ao longo dos anos. Seja no futebol, na política ou em qualquer outro campo, a habilidade de sair de cena é uma arte rara, mas essencial para que a reta final não manche uma carreira inteira.
* Presidente da Federação Académica do Porto