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À exceção das boas prestações na Europa do futebol - que às vezes chega à Ásia Central, com 14 000 km de ida e volta - vínhamos ficando com a sensação de que a nossa equipa estava presa dentro de uma caixa. É possível, creio, que toda a exigência de jogos a que temos vindo a estar sujeitos, nos tenha tolhido a capacidade de criar e concretizar o bom futebol que os jogadores do Vitória têm em si. De outras, foi apenas a incompetência de quem dirigiu a partida. Mas anteontem, contudo, a equipa soltou-se e goleou, dando a sensação de ter conseguido sair de uma caixa invisível que lhe tolhia movimentos e a necessária crença coletiva.
Não pude acompanhar o jogo todo e não fui ao nosso estádio. Andei por terras longínquas de um Portugal distante, esquecido e terno, até chegar a Torre de Moncorvo. Fui lá, com outros amigos, para participar na justa e sentida homenagem ao meu amigo Beto Areosa, cujo nome ficará, desde ontem, perpetuado num belo pavilhão desportivo, já que não é possível, agora, perpetuá-lo numa vocalização ou num abraço. E vale sempre a pena não esquecer aqueles que nos fizeram, pela amizade, um pouco melhores.
De outras caixas benignas e libertadoras encheu-se a cidade no dia do Pinheiro, ao som de uma poderosa e coletiva percussão, com caixas e bombos, na magnífica abertura de mais um ano de festa dos estudantes de Guimarães: as Nicolinas. Muitas caixas tocarão ainda nos números que faltam cumprir às centenárias festas: as Posses, o Pregão, as Maçãzinhas, as Danças. Há um número, no entanto, do qual não se sabe nunca o calendário: as Roubalheiras. Espero que não as passem para sábado.
*Adepto do V. Guimarães