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Aqui ou ali vamos vendo referências às consequências, para as cidades, da presença massiva de muitos visitantes externos a que, vulgarmente, chamamos turistas.
À cabeça vem logo a histórica cidade de Veneza, mas também podiam vir outras como Barcelona ou Londres. Reside na morfologia e na identidade de cada cidade a sua diferença perante este fenómeno do turismo e da economia.
O caso de Portugal parece ser paradigmático. Depois de descobrirem as taxas turísticas, as autarquias portuguesas parecem querer cair na tentação do politicamente correto. Isto é dizer mal do turismo e dos turistas, mas não esquecendo a necessidade de criação de emprego. O problema é como as duas faces da moeda. Existe e tem tanto de consequências nefastas como de oportunidades benéficas.
Vamos por partes. Antes dos turistas e da massificação do turismo, uma cidade como o Porto podia ter o seu encanto decadente, mas não tinha o benefício pujante da sua economia e da reabilitação urbana. Quem não se lembra da decadência do Centro Histórico do Porto e da desertificação da Baixa da cidade? Quem não se lembra de Rui Rio lançando, ainda durante o Governo de Durão Barroso, uma sociedade para a reabilitação urbana (SRU)?
Certo é que, hoje, o Porto vive um fortíssimo investimento para a mobilidade, com a expansão da linha do Metro, e goza de uma significativa reabilitação urbana, que se reflete nos preços da habitação, e está inscrita nos roteiros internacionais, o que permite afirmar a visibilidade da cidade.
Graças ao F. C. Porto, ao vinho do Porto, ao clima e à sua qualidade ambiental, ao Douro, a cidade e a sua área metropolitana conseguem atrair, cada vez mais, pessoas de todas as partes do Mundo.
Alguns defendem que devemos enxotar os turistas, outros manter as coisas como estão. O equilíbrio parece querer dizer que nenhum dos caminhos será oportuno.
A taxa turística poderá servir para elevar os investimentos nas infraestruturas do território e apoiar a sua sustentabilidade social. Uma parte da taxa turística deveria servir ainda, permitindo corrigir o mercado, para apoiar um programa de habitação pública municipal.
A sustentabilidade do turismo terá de responder à viabilidade económica da cidade, ao evidente equilíbrio financeiro, ao seu meio ambiente e à necessária coesão social. Deve o poder autárquico avaliar a conjugação destas variáveis para formar uma verdadeira política publica neste setor.
O Porto poderá, aqui, ser um exemplo ao saber integrar toda a região do Douro e do Norte neste esforço coletivo para se divulgar a nossa cultura com a gastronomia adjacente.
Fica aqui o desafio à autarquia e à Associação Porto - Norte de Portugal.