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As instituições de ensino superior devem ser lugares onde a liberdade intelectual, a diversidade de pensamento e a inovação têm espaço para crescer. Estes valores são indispensáveis para a vida académica e pilares fundamentais da democracia e do progresso. O questionário enviado pelo Governo dos EUA às universidades portuguesas é uma violação inaceitável da autonomia institucional e dos princípios da nossa Constituição. A firmeza com que as universidades reagiram é de saudar e enfatiza que a liberdade académica não está à venda nem é passível de ser sujeita a pressões externas. Nos EUA, a Administração Trump tem vindo a ultrapassar perigosamente os limites constitucionais, ao exigir auditorias ideológicas e ao ameaçar restringir o poder de membros da comunidade académica com base nas suas convicções pessoais. Trata-se de uma deriva autoritária que mina os princípios fundamentais como a liberdade de expressão e independência do pensamento. Esta intromissão é uma linha vermelha que não pode, nem deve, ser tolerada. A atitude corajosa da Universidade de Harvard, que irá perder milhares de milhões de dólares em nome da sua independência, é exemplar e merece aplauso e apoio internacional. Nenhum Governo tem o direito de condicionar o que se estuda ou debate dentro das instituições académicas. A ciência vive da evidência, não de ideologias. E sempre que se tenta moldar o saber às conveniências políticas do momento é a própria democracia que fica em risco.