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O tempo na política está cada vez mais efémero e mais rápido. O processo de decisão política, muito condicionado pela velocidade da informação, não tem permitido, muitas vezes, às lideranças políticas saberem proteger-se das armadilhas que o comentário ou a resposta fácil implicam.
Na sua tentativa de agradar aos eleitores, vulgo o povo, os políticos estão atentos às redes sociais, preocupam-se com os média e procuram estar sintonizados com o politicamente correto enunciando aquilo que é mais fácil de dizer. Em resumo, parece ser mais fácil vender sonhos do que arriscar falar verdade.
Neste tempo de pós-verdade a opinião pública, muitas vezes, não consegue distinguir o que são notícias de notícias falsas pela opinião publicada.
A chegada à esfera do poder de políticos como Trump, Bolsonaro ou Maduro tornou real aquilo que pensávamos só ser possível na sociedade do “grande irmão”. Este quadro agravou-se com as chamadas democracias musculadas ou mesmo com algumas ditaduras. À guerra Putin chama “operação especial” e aos ataques ucranianos chama “terrorismo”. Esta mistura entre o real e o imaginário acaba por produzir um impacto negativo nas ambições de uma saudável opinião pública.
Nas democracias de perfil ocidental estamos a sentir a frequência deste enfraquecimento dos valores da verdade através de ataques às instituições ou na própria debilidade das mesmas.
O aumento do escrutínio, os fluxos migratórios e as alterações climáticas são temas que acabam no discurso político daqueles que privilegiam a demagogia em vez da pedagogia democrática. Churchill costumava dizer que a democracia seria o pior dos regimes políticos, mas, não existia nenhum sistema melhor do que ela. Esta defesa da democracia, não é hoje uma mera quimera, mas antes uma necessidade, já que no Mundo começamos a ter, cada vez mais, regimes de pendor autoritário assentes em modelos de populismo.
A democracia significa estado de direito e cumprimento dos direitos fundamentais de qualquer cidadão. Para se atingir este patamar de excelência torna-se necessário saber comunicar com as pessoas de uma forma responsável e falando verdade mesmo que isso possa custar umas eleições.
Afinal, os estadistas que ficam para a História não são os que trabalham para as próximas eleições, mas antes os que se preocupam com as próximas gerações.
Em Portugal precisamos de quem saiba agir desta forma. Só assim se podem combater os extremos políticos e as tentativas de revisitar a História.
Até lá, a comunicação política tem de saber aprender a separar a oportunidade do interesse de qualquer corporação.