Este é o artigo que eu não queria escrever. Mas que é o "novo normal" dos tempos que vivemos. A minha história é pouco diferente de tantas outras.
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Foi na sexta-feira, passei o dia a trabalhar, sentia-me bem e estava bem-disposto, o dia tinha sido bastante positivo. Cheguei a casa, começo a preparar o jantar e a planear o fim de semana em família, a preocupação de tantos que como eu atravessam esta pandemia com filhos a quem têm a obrigação de distrair, mas sobretudo, de os fazer felizes. Tudo normal, até que a minha mulher me diz que lhe dói a cabeça e que tem dores no corpo. Soaram os alarmes.
Fizemos um teste rápido para a covid-19 e estava positiva. Foi um balde de água fria.
Eu ainda estava negativo, mas sabia que era uma questão de tempo. Avisei aqueles com quem tinha contactado, avisei a saúde pública e esperei.
No domingo comecei a ter sintomas e também acusei positivo. Cá em casa estamos todos infetados, eu a minha mulher e os meus filhos. As gémeas e o mais novo, felizmente, não têm sintomas.
As dores de cabeça são fortes, as dores no corpo também, mas os piores sintomas são a ansiedade e a preocupação. Sintomas que não pertencem à doença, pertencem aos laços profundos que nutrimos pelos que são nossos. Sintomas do melhor de se ser humano. Não deixa de ser irónico.
Estamos a cumprir todas as indicações das autoridades de saúde. Estamos em isolamento, a hidratarmo-nos, a controlar a febre e a oxigenação do sangue, tudo a correr bem, felizmente.
Quem nos conhece sabe que somos cuidadosos. Alguns até me diziam que era cuidadoso demais, como se existisse tal coisa. Mas mesmo assim, fomos apanhados. Em qualquer momento da nossa rotina diária tivemos um descuido, uma falha ou uma desatenção. Foi o suficiente.
Este vírus não escolhe quem infeta. Alastra. Cuidem-se todos. Sempre. Não podemos mesmo relaxar.
Por agora, resta-me esperar, tentar distrair-me e convencer-me que tudo vai correr bem.
Engenheiro e autarca do PSD