Há demasiados anos que ouvimos que Portugal está na cauda da Europa, todos o sabemos e lamentamos. Porém, esta posição devia fazer-nos olhar para o pelotão da frente, observar o que fizeram bem e principalmente aprender com os seus erros.
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Fizemo-lo bem, na primeira vaga da pandemia confinando a tempo de evitar a mortalidade e o caos vividos em Itália e Espanha. Mas também na política podemos e devemos olhar para os outros e evitar cometer os seus erros.
As eleições regionais de Castela e Leão são disso um bom exemplo. O Partido Popular, congénere espanhol do PSD, provocou eleições em busca da maioria absoluta mas, ao contrário do que aconteceu em Portugal com o PS, não a alcançou. Ganhou as eleições é certo, mas viu o Vox, partido populista ultranacionalista, disparar a sua votação tendo agora legítimas ambições de pertencer ao futuro governo regional. Pelo contrário, há um ano, Isabel Ayuso, também do PP, teve uma vitória estrondosa na comunidade de Madrid, dizimando a Esquerda e reduzindo o peso do Vox a apenas um deputado. O resultado diferente nestas duas eleições prende-se unicamente com dois fatores: liderança e coragem. Ayuso não olhou para o lado a pensar como disputar eleitorado com os seus adversários. Tinha um caminho e não dele se desviou. Apesar de algumas polémicas, sobretudo na resposta à pandemia, teve sempre a coragem de seguir em frente. Liderando, implementando o seu projeto político sem vacilar e tendo por isso ganho de causa. Liderou o centro-direita e agregou todo esse eleitorado em torno de si e do seu partido.
Em Portugal insistimos em dar palco ao Chega. Só se fala do Chega.
Copiamos os maus exemplos ao invés de seguir os bons. O desespero e a desinformação combatem-se com esperança, competência e coragem.
É esta a escolha do centro-direita em Portugal criar um projeto e ter a competência de devolver a esperança aos seus eleitores, ou ficar eternamente refém dos populismo e da desinformação. Aprendamos com Ayuso.
*Engenheiro e autarca do PSD