A guerra na Ucrânia apanhou-nos a todos desprevenidos, aquilo que se pensou previamente ser mais uma jogada de xadrez de Vladimir Putin para anexar os territórios do Leste da Ucrânia, em lógica similar à anexação da Crimeia, revelou-se um ataque total a todo o país, inclusive à sua capital Kiev.
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Assistimos à mudança das declarações tranquilas de estrangeiros emigrados na Ucrânia, para a necessidade urgente de sair do país. Ninguém estava preparado para o que aconteceu, ninguém está preparado para o que virá a acontecer.
Não sabemos como ou quando acabará esta guerra. Mas sabemos que o Mundo mudou. O medo voltou ao Ocidente. O terror está à porta da Europa. E a velha Europa acordou!
Os combatentes ucranianos e o seu heroísmo na defesa da sua pátria, do seu modo de vida e da sua liberdade, lembrou-nos a nossa razão de ser. A Europa recordou em choque os seus princípios fundadores: que somos um projeto de paz, de solidariedade e de progresso e não o conjunto de mercadores avarentos e egoístas, em que nos estávamos a tornar.
O Ocidente percebeu, esperemos que a tempo, o que nos faz verdadeiramente diferentes. A Europa e a NATO são esta semana muito mais fortes do que a semana passada! O Reino Unido, do pós-brexit, nunca esteve tão integrado. A Suíça deixou a sua neutralidade, escolhendo os valores da liberdade ao invés dos do brilhante metal. Os nórdicos escolheram um lado. A Alemanha dá o primeiro passo para a criação de um exército europeu. Até a Turquia de Erdogan, que se afastava a passos largos, volta a abraçar os seus parceiros da NATO.
O povo europeu gritou e os governos da Europa responderam. Organizados, a uma só voz, com firmeza e coragem. As sanções foram decretadas, e serão duras, também para nós. A resiliência energética é um novo desígnio. A segurança uma urgência.
A Europa foi construída nos destroços do horror. Hoje o medo acordou-nos. A Europa está de volta.
Engenheiro e autarca do PSD