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Beneficiando do habitual e amável convite do presidente da Fundação Bial, assisti, no passado dia 12 do corrente, a mais uma cerimónia de entrega do prémio Bial de Medicina Clínica, desta feita da edição de 2024. Fi-lo e faço-o sempre com particular gosto, ao ponto de ser algo que recomendo vivamente, porque se trata de uma lufada de ânimo, classe e bom gosto, neste contexto bipolar em que se está a tornar a nossa realidade coletiva, que oscila entre um estado de quase depressão e uma exuberância bacoca, onde a qualidade é muitas vezes esquecida.
São muitos os aspetos distintivos e de exceção que encontro nas realizações da Fundação Bial, as quais têm a mão de alguém verdadeiramente ímpar que é Luís Portela, seu presidente e fundador. Ímpar no que conseguiu na Bial ao transformar, em cerca de 30 anos de gestão lúcida, informada e estrategicamente (bem) orientada à inovação disruptiva, uma pequena empresa nacional num ator de um campeonato cada vez mais exigente e seletivo - o das empresas que conseguem levar novos medicamentos ao mercado global. Ímpar também, não sendo dissociável, no que alcançou na Fundação com o mesmo nome, que é hoje uma referência de enorme prestígio e sobretudo um esteio da nossa autoestima coletiva, puxando e estimulando o que de bonito se faz no nosso país nas ciências da saúde.
Nos seus já mais de 30 anos, a Fundação Bial afirmou-se pela qualidade, elevação e consistência do seu percurso, estruturado num posicionamento de total transparência e na capacidade invulgar de atrair os melhores, nomeadamente ao nível dos jurados, dos conselheiros e, consequentemente, dos laureados.
São muitos e valiosos os resultados para o bem comum de uma instituição com esta robustez e lastro, de onde quero destacar o forte efeito de agregação da tribo da saúde. Nesta cerimónia, ou em alguma das anteriores, estavam ou estiveram lá todos. Presencialmente ou por via remota. Quem, com papel minimamente relevante no ecossistema nacional da saúde, não participou já, ainda que modestamente, como eu, enquanto convidado? Isto para não falar, naturalmente, na nata que tem integrado os júris ou o cada vez mais numeroso número de premiados.
O futuro da nossa saúde precisa de instituições credíveis, agregadores e que persigam o interesse coletivo, como tão bem referiu e justificou Manuel Sobrinho Simões, na sua, como sempre, brilhante intervenção sobre o passado e o futuro da medicina ao longo dos 40 anos do Prémio Bial, e depois confirmada na não menos esclarecida alocução do presidente da República a encerrar a sessão.
No Health Cluster Portugal, acreditamos muito no peso e no papel transformador e mobilizador das instituições, do associativismo e do ativismo da sociedade civil, ao que não será certamente indiferente termos tido Sobrinho Simões e Luís Portela como fundadores e este último como primeiro presidente da direção.
Sei que não é possível nem exequível, mas gostava muito que toda a gente pudesse assistir a estas festas da razão, da ciência e da inteligência, como são as cerimónias da Fundação Bial, até por motivos de saúde pública. Seria, certamente, uma forma muito eficaz de combater as depressões e outras maleitas desse foro.