As obras do metro estão a revolucionar a mobilidade na nossa cidade.
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Esperemos que seja para o bem. Chegamos ao metro com mais de um século de atraso. Agora, para aproveitar os fundos comunitários, aqui vamos a todo o vapor.
As faculdades de Arquitetura, Ciências, Letras e Nutrição, situadas no polo do Campo Alegre, alertaram para o impacto naquela zona da nova ponte que liga as duas margens do Douro.
Esse alerta ficou referenciado num apelo feito às autarquias locais de Porto e Gaia e à empresa do Metro.
Refugiando-se na falta de esclarecimentos a empresa Metro do Porto tem vindo a adotar comportamentos que, no mínimo, evidenciam desconhecimento das regras mais elementares da convivência democrática.
Andou bem a Universidade do Porto ao mostrar a sua contestação à solução proposta para a travessia do Douro pelo metro.
Não está em causa a necessidade de uma ponte para tal efeito. Antes e só a solução encontrada bem como o total desprezo pelo protesto da Universidade do Porto e o desrespeito pelos edifícios ali situados.
Andaram bem as autarquias do Porto e de Gaia quando perceberam o impacto da medida e convocaram uma reunião para o dia de hoje.
Faltou discussão pública e debate a esta escolha. Esperemos que não seja tarde para se rever ou, pelo menos, revistar a solução encontrada.
Fica aqui uma má gestão da informação e uma mal escolha sobre o modelo de obra de arte da ponte.
A necessidade de uma ponte, à cota baixa, para peões de modo a ligar as duas margens continua sem estar na ordem do dia. A nossa metrópole precisa de mais pontes, como Paris, para tornar o eixo Porto-Gaia um contínuo de gestão urbana e ser um polo de desenvolvimento da região.
Por isso, os seus habitantes não se podem divorciar do que será esta nova ponte e como ela se poderá implementar. Não serve qualquer solução.
Sabemos da importância, para as cidades da mobilidade dos seus cidadãos. Conhecemos a necessidade da transição digital e a sua adaptação às alterações climáticas de forma a assegurar a sua sustentabilidade social, financeira, ambiental, económica e política.
Desejamos que o debate desta noite permita aos cidadãos e às instituições falar e conceda aos políticos a legitimidade que a empresa Metro do Porto lhe pretendeu retirar.
O voto democrático não está na gestão da Metro do Porto.
Os eleitores saberão compreender quem os defende e promove o equilíbrio da paisagem do Porto-Gaia.
A ver vamos quem ganha este grito de revolta.
Professor universitário de Ciência Política