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Depois do jogo e do resultado contra o Bétis pairava no ar a sensação de frete que teríamos de cumprir. É difícil chegar tão perto do sol e perceber que, afinal, não vai dar para o atingir.
Fomos a jogo, contra o Estrela, com a sensação desconfortável de uma grande ressaca. Não nos apetecia nada estar ali, a jogar ou a assistir àquele jogo. Antes ver uma reportagem sobre a vida selvagem africana, com aquela voz que embala o sono. As melhores vozes em televisão são, desde Sir Richard Attenborough, as de programas sobre animais. E era isso que apetecia ver no remanso de um sofá.
Mas lá fomos nós cumprir o calendário. A equipa deu conta do recado apesar do grande Toni estar preso nas atrapalhações do jogo com o Bétis, apesar dos nossos extremos extremarem muito pouco. Ainda assim, no primeiro golo, o Samu deu um toque de calcanhar acrobático e magnífico que deveria ter dado em golo, não fora, como de costume, o Síndroma dos Guarda Redes Que Só Defendem Bem Contra Nós aparecer. O Tomás encostou, mas o golo seria outro.
Samu é uma espécie de Mercedes antigo que responde sempre, arranca sempre, encontra na fiabilidade o seu propósito.
Do dia sobraram duas boas notícias: o apuramento do Vitória B e a vitória magnífica do inigualável Newcastle sobre o Liverpool, ganhando um troféu importante, como já não acontecia há 56 anos para a equipa do norte de Inglaterra. Para quem gosta mesmo de futebol, e não dos fenómenos mediáticos que lhe servem, não há como não gostar do Newcastle, da paixão e fidelidade dos seus adeptos, que, como nos países e terras civilizadas, apoiam até ao limite o seu clube.
*Adepto do V. Guimarães