O nosso "querido mês de agosto" acabou e com ele também se findou a habitual silly season portuguesa. Este foi um período de férias diferente do habitual, com o espectro negro da pandemia e com o medo sempre presente a atrapalhar o nosso descanso.
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Existe um grande receio na maioria dos Portugueses, o da estabilidade do seu posto de trabalho. A verdade é que, nos meses que aí vêm, muitos portugueses ficarão sem emprego e/ou com uma grande diminuição dos seus rendimentos. Afirmo-o sem qualquer postura de "ave agoirenta". Afirmo-o com a preocupação e a tristeza de quem se lembra dos impactos sociais da última crise. De quem viu os seus familiares a terem de emigrar, de quem viu os seus amigos desempregados e de quem, enquanto autarca, viu a pobreza nos seus vizinhos.
Temos de ter um plano de recuperação económica que tem de ter sucesso e que em muito depende de Bruxelas. Mas temos de, em paralelo, ter uma máquina que responda às emergências sociais. Ninguém pode ficar para trás. Falo evidentemente das autarquias e do 3.oº setor. Falo das IPSS, falo das Misericórdias e demais instituições sociais. Embora sabendo que este Governo não nutre grande simpatia por este setor, terá de ter o pragmatismo de "engolir este" sapo ideológico e utilizar as maiores "bazucas" que tiver.
O Estado não foi preparado para dar a resposta per si (e não tem de ser), logo a única solução que tem é apoiar o 3.º setor e saber que ele voltará a estar à altura da responsabilidade. Apesar de maltratado nos últimos anos, de renegado para um plano secundário, a rede continua ativa, o know-how está presente e o espírito de missão é o seu ADN. Numa questão desta importância, de dignidade do país e dos portugueses temos de ser corajosos e flexíveis. Sejamos pragmáticos. A ideologia não paga as contas.
Engenheiro e autarca do PSD