Corpo do artigo
A História haverá de revelar a extensão do impacto das redes sociais tanto na influência política quanto no bem-estar das novas gerações. O presente já vai dando muitos sinais.
Na segunda-feira passada, um grupo de sete famílias francesas entrou com uma ação em tribunal contra o TikTok, acusando esta rede social de prejudicar a saúde mental dos seus filhos. Dois deles suicidaram-se. Tinham 15 anos.
A advogada das famílias denuncia um “design deliberadamente viciante” da aplicação e alerta para um algoritmo que promove o suicídio, a automutilação e os distúrbios alimentares.
É a primeira vez que a Europa assiste a um processo desta natureza. Nos EUA, o TikTok também enfrenta uma batalha judicial. Foi processado por 13 estados. O argumento é idêntico ao acionado em França. O procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, chega mesmo a afirmar que o “TikTok cultiva a dependência para aumentar os lucros da empresa”.
Nos EUA, Elon Musk, o dono do X, ex-Twitter, provavelmente vai ter um papel no governo de Donald Trump. Visível ou não, terá. Quando o milionário comprou a rede, depois de se ter aborrecido com as regras de moderação de conteúdo da tecnológica, prometeu dar a conhecer publicamente o algoritmo. Nunca o fez. O que sabemos é que o X foi o porta-voz da tropa republicana e uma máquina de desinformação.
Os rótulos que o Twitter colocava nos tweets para identificar informações falsas foram substituídos e a moderação de conteúdo reduzida. Especialistas do Center for Countering Digital Hate acusam o X e Elon Musk de terem sido o epicentro da desinformação eleitoral nos EUA.
Para o milionário, “agora somos todos média”, como disse aos seus seguidores quando Trump já tinha sido declarado vencedor. Só que entregar o poder a algoritmos nunca será um avanço democrático.