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Na passada semana, a Confederação Empresarial de Pontevedra organizou, com o apoio da Xunta de Galicia, um evento sobre a ligação ferroviária de alta velocidade Porto-Vigo que contou a presença do nosso ministro das Infraestruturas e Habitação. Em termos logísticos e sobretudo de logística ferroviária, Norte e Galiza correm o risco de acentuar a sua perifericidade em Portugal e Espanha. Perifericidade face a Bruxelas, numa Europa em que as mudanças geopolíticas voltam os olhares ainda mais para leste. Importa combater essa leitura geográfica, recusando o conceito histórico de finisterra.
Juntos, Galiza e Norte são 6,4 milhões de pessoas e perfazem um PIB de 143 828 milhões de euros (dados de 2022). As imagens noturnas de satélite mostram dos maiores contínuos urbanos da Europa. Acresce que somos um dos maiores distritos da indústria de manufatura da União Europeia e temos um grande escol de recursos humanos qualificados nas áreas STEM.
Queremos e podemos ser um dos centros da reindustrialização da Europa, nomeadamente no automóvel do futuro, sustentável e autónomo; também nos setores aeroespacial e da defesa, que devem estar longe das regiões de conflito. Temos muito para crescer no turismo, no qual também apostamos conjuntamente, e um grande potencial na agricultura e nas pescas, com produtos de excelência e práticas sustentáveis. Aqui, ocorre 59% do tráfego de ligeiros e 41% de mercadorias, ao nível rodoviário, entre Portugal e Espanha. Mas na ferrovia tudo é marginal. A Galiza está no fim da linha para Espanha e o Norte está no fim da linha para Portugal.
Com a alta velocidade Porto-Vigo, Galiza e Norte ficarão no meio de uma ligação à Europa; no meio de um anel ibérico que incluirá Lisboa e Madrid; e estruturarão o corredor noroeste para benefício de todos, vertebrando as suas principais cidades, o seu principal aeroporto e os seus principais portos marítimos.
Por tudo isto, foi bom ouvir a determinação, reiterada posteriormente no contexto da visita do presidente Macron ao Porto, com que o ministro Miguel Pinto Luz falou do compromisso de Portugal com este projeto e com a meta da sua operacionalização em 203.
A alta velocidade, Porto-Lisboa e Porto-Vigo, é a nossa prioridade estratégica, numa rede ferroviária que tem de chegar a outros territórios da região.
Os desafios são grandes, seja nas ligações Campanhã-aeroporto e Braga-Valença ou na nova ponte sobre o rio Minho e na saída sul de Vigo.
Mas tudo isso valerá a pena, no dia em que tivermos uma ligação de alta velocidade na frente atlântica da Corunha à península de Setúbal. No dia em que, por ferrovia, o Porto estiver a uma hora e 20 minutos de Lisboa e a 50 minutos de Vigo, estaremos a ganhar o futuro que merecemos.