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A guerra comercial desencadeada por Donald Trump ameaça arrastar a economia global para tempos seculares de obscurantismo, mas os seus efeitos, ainda por medir com exatidão, vão chegar aos bolsos de todos, incluindo dos portugueses. A nova ordem mundial económica não é só um capricho da Administração Trump. A batalha pelas tarifas é para ganhar, no entendimento de Washington, e esse requisito de base, pejado de subjetividade (basta ver a fórmula primária usada para definir o valor das tarifas), torna a gestão desta crise ainda mais caótica. Com esta política protecionista de terraplenagem, a que nem mesmo os países periféricos de mão de obra intensiva que alimentam as multinacionais norte-americanas escaparam, os Estados Unidos quiseram dizer ao Mundo que a diplomacia, o humanismo e a solidariedade são verbos de encher. Só eles, e os seus interesses, importam.
Mas este braço de ferro não se cinge a uma dicotomia entre a América e o Mundo. A Europa vai ripostar e o pragmatismo de quem protagoniza negócios de larga escala fará com que, dentro do Velho Continente, se assista a uma batalha interpares pela conquista de mercados alternativos. Ninguém quer ignorar o peso da América, mas já estão todos a olhar para o lado. Saibamos fazê-lo também. Correr atrás do prejuízo (negociando as tarifas e respondendo na mesma moeda) pode ser o caminho natural. E, embora seja verdade que não se muda uma política económica com um estalar de dedos, quanto mais cedo esquecermos esta América proibida, mais facilmente começamos a preparar as alternativas. Chegou a hora do resto do Mundo ter o seu Dia da Libertação.