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Aproximam-se as eleições europeias e, com elas, a necessária campanha eleitoral.
O que vamos aqui discutir? Assuntos internos ou europeus? Sim, porque as eleições para o Parlamento Europeu revestem-se de particular significado.
Assuntos como o mercado interno e a Zona Euro, as migrações, o alargamento ou a política externa e de defesa ganham particular destaque.
Pelo que tivemos oportunidade já de observar, os principais partidos nada dizem sobre isso, preferindo eleger a habitação como o grande assunto que pretendem levar a Bruxelas.
Numa altura em que a Europa vive uma guerra de dimensões complexas, como a motivada pela invasão da Ucrânia através da Rússia, o continente europeu vê-se ameaçado pelo espectro de uma guerra duradoura e o necessário empenho do chamado pilar europeu da NATO para o qual já entraram a Finlândia e a Suécia.
Ora esta questão não poderá deixar de preocupar quem pretende ir para Bruxelas defender a coesão política da União Europeia.
Criada como um ideia de paz a favor de uma coesão económica e social, nunca como agora existiram condições para se discutir os assuntos europeus.
A própria questão das migrações poderia ser tema a par da definição de uma política demográfica europeia, um assunto que tarda a ter uma dimensão de política pública.
O alargamento da UE é algo que vai ter de ser discutido e que a invasão da Ucrânia veio acelerar, sendo que a eventual adesão desta traz, desde logo, complicações para a Política Agrícola Comum.
As novas regras de consolidação orçamental colocam, de novo, pressão na União Económica e Monetária agora que o período inflacionista parece ser mais distante.
Daí que procurar encontrar nestas eleições uma segunda volta das legislativas não se prevê ser muito avisado. Os dois principais partidos não trazem muita novidade. A AD com um candidato jovem com muitas contradições parece não entusiasmar, o PS, apesar da renovação na lista, acabou por trazer protagonistas já conhecidos. O Chega permitiu trazer alguma esperança aos outros partidos ao propor um candidato que, na sua estreia, se encantou com cenários de conspiração e um conjunto acelerado de asneiras. Resta ainda a Iniciativa Liberal, que poderá ser a surpresa desta campanha, ao lado de um ADN que procura fazer prova de vida com uma candidata que, para já, só aumentou o ruído.
Portugal precisa da Europa e, em 9 de junho, os eleitos devem assumir esse compromisso, procurando discutir os assuntos europeus na perspetiva portuguesa e não levar só problemas portugueses para que Bruxelas os possa resolver, pois para o ano celebramos 40 anos da nossa adesão.