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Portugal atravessa um momento em que vamos ter quatro atos eleitorais. Todos diferentes no seu objetivo, mas todos com uma linha comum. Em jogo está o julgamento popular sobre quem cria a instabilidade política e se vale a pena andarmos a tentar derrubar os governos em moções de censura para depois tentar formar governos alternativos.
Isto já aconteceu com sucesso com a geringonça, a aliança entre o PS, o BE e o PCP. Contudo, aí porque estávamos a terminar um processo bastante duro de reajustamento das nossas finanças públicas.
Este julgamento popular tem procurado, por um lado, assentar num distanciamento do discurso demagógico dos partidos populistas extremistas e, por outro, evidenciar que os partidos do arco da governação precisam de fazer alguma coisa de diferente para se assumirem, entre si, como uma alternativa democrática.
Ora, a legitimidade em democracia não pode estar dependente do tempo dos casos da justiça ou da artificial instabilidade criada pelas oposições. Os portugueses privilegiam a estabilidade política enquanto não gostam de maiorias absolutas de um só partido.
O que aconteceu na Madeira valida esta tese. Como disse um dirigente do PSD, quem quis censurar foi censurado.
As eleições regionais da Madeira podem ser um dínamo poderoso para o PSD de Luís Montenegro no sentido de o preparar para replicar a mesma solução nas legislativas de maio próximo.
Os cartazes do Chega a procurar identificar 50 anos de democracia com corrupção são um insulto para a maioridade política dos portugueses e de todos aqueles que lutaram e ajudaram a construir este regime.
Ninguém esquece que a constante instabilidade parece apontar para uma ideia de crise do regime, mas não do seu sistema político que tem provado a sua resistência na elasticidade constitucional da sua arquitetura.
O PSD e o PS devem-se assumir como partidos responsáveis que conseguem criar a estabilidade do sistema político evitando as alianças com os extremos parlamentares.
As eleições autárquicas voltam também a ser diferentes porque trazem os problemas reais para a decisão das pessoas, as quais com a sua sabedoria sabem escolher quem melhor os representa no seu quotidiano.
Então serão nas eleições presidenciais que os portugueses vão poder dar um sinal aos partidos políticos, nomeadamente ao PSD e ao PS, de que é necessário encontrar um outro equilíbrio no sistema político semipresidencial de pendor parlamentar.
O PSD e o PS partidarizaram muito estas eleições de uma forma que poderíamos dizer, desde 1986, não ser vista. Que se aprenda alguma coisa com as eleições da Madeira e se compreenda que os eleitores não estão abertos à sua infantilização.