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Os países aliados da NATO deram o ámen possível às pretensões de Donald Trump e decidiram insuflar os orçamentos nacionais na direção da guerra, estabelecendo o compromisso de, até 2035, reservarem 5% do PIB para a Defesa, que é como quem diz, rearmando-se e regenerando a depauperada indústria militar europeia. A vitória dos Estados Unidos só não foi em toda a linha porque do acordo alcançado (apenas Espanha roeu a corda) não ficou claro quem serão os reais beneficiários líquidos desta mudança e, por outro lado, se a deriva militarista do bloco europeu vai traduzir-se, a prazo, na retirada das cerca de 20 mil tropas norte-americanas estacionadas no Velho Continente.
Na verdade, não restava outra opção aos membros da NATO que não alinhar pela bitola da maior potência bélica do planeta. É óbvio que também Portugal tem de saber aproveitar esta oportunidade económica. Luís Montenegro já anunciou um reforço de mil milhões só no próximo ano, garantindo que esse esforço estará alinhado com a missão financeira do Estado em áreas consideradas vitais. Não vamos transformar-nos em fabricantes militares (o movimento acabará por ser saciado pela indústria de guerra norte-americana), mas esta corrida ao rearmamento na Europa – traduzida no reforço da sua capacidade de resposta perante ameaças externas – só produzirá efeitos se houver uma ação coordenada entre as várias nações, o que implica uma diversificação nos meios disponibilizados. Países periféricos como Portugal não podem perder o pé, mas não podem acima de tudo perder a noção da realidade. Temos de estar dentro, mas só até à cintura. Nestes vasos de guerra só nascem flores venenosas.