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Tradicionalmente, associamos os limites da Saúde ao último avanço da ciência ou à mais moderna e disruptiva tecnologia.
E por aí continuaremos a ir esperando, da boa e inteligente utilização do conhecimento, novas e desejavelmente cada vez melhores respostas aos enormes desafios que neste domínio, como noutros, vêm ter connosco. É um processo entusiasmante, que nos tem coletivamente trazido progressos notáveis, que me dispenso de enumerar, porque óbvios e de todos conhecidos.
Mas, é este o caminho, ou melhor, é este o único caminho? É reflexão que não podemos deixar de fazer quando nos vemos confrontados com grandes e aparentemente insuperáveis desafios neste domínio onde, à cabeça, surge a incapacidade dos sistemas de saúde responderem satisfatoriamente a todos e, mesmo, a sua potencial insustentabilidade.
E é neste contexto que começa a ganhar cada vez mais tração um outro caminho. Paralelo, associado à promoção da saúde e à prevenção da doença, que vai para além das abordagens curativas e entra pelos comportamentos, pela alimentação e pela questão ambiental. Mais maratona do que sprint, tem a seu desfavor, essencialmente, o longo prazo com que surgem os seus resultados.
Custou a entrar, mas agora parece imparável, em crescendo, e com importantes taxas de adesão quer ao nível dos governantes e decisores-chave, quer ao nível das populações onde, como sempre, as novas gerações lideram. Não vai ser um processo fácil - se é que existem processos fáceis - mas é, provavelmente, por aqui o caminho para o futuro, que desejamos mais equilibrado e sobretudo sustentável.
Há assim, quero crer, na Saúde um mundo novo pela frente, certamente admirável, onde vamos modelar o enorme poder da ciência e da tecnologia com preocupações sérias e determinantes em dimensões que lhe têm estado distantes como a prevenção, os estilos de vida, o contexto social, a gestão e mesmo a dinâmica empresarial. Em alinhamento com a ESG-Environmental, Social and Corporate Governance (ambiente, social e governança empresarial), as três letrinhas mágicas que vão mudar, espero, a nossa vida nos próximos tempos.
Vamos colocar, de forma deliberada e programada, mais gente fora do sistema curativo e dar melhores e mais eficientes cuidados aos que lá têm de estar. Vamos acompanhar todos mais de perto. Vamos melhorar significativamente a gestão dos recursos envolvidos e vamos ser capazes de antecipar grande parte dos eventos e assim dar-lhes a melhor resposta.
Vamos para isso contar com um arsenal poderoso que inclui certamente inteligência artificial, robótica, internet of things, ou o uso inteligente dos dados. Mas não podemos prescindir do que mais tem faltado na Saúde: da gestão, da boa gestão.