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Depois da derrota em Barcelos e de uma semana louca ao nível do mercado de inverno, a minha equipa foi jogar, aqui ao lado, para provar que continuava capaz. Apesar do domínio do Vitória ter sido sempre claro e inequívoco, como já estamos habituados a perder jogos que dominámos, veio à cabeça aquele antecipado sentimento de tragédia. Sobretudo depois do penálti falhado.
Há por isso que louvar o caráter da equipa que, apoiada por milhares de vitorianos, contrariou a injustiça e ganhou merecidamente. E foi o “reforço” André Silva a materializar a vitória, num coletivo que se portou à altura do nosso símbolo.
Muitas vezes não queremos ver a realidade. A nossa é de dificuldades, não há como não o saber. Como não somos um clube do regime para quem os bancos e o poder instalado usa de uma especial benevolência, temos que tentar tapar buracos de aventuras prévias e viver, ao contrário dos tubarões, de acordo com as nossas possibilidades. E só o caráter e a inteligência de fazer das fraquezas uma força própria, nos poderá, equipa, diretores e adeptos, elevar. Com paciência.
A semana futebolística foi particularmente fértil em notícias. Desde o caso dos pretorianos, até aos lamentáveis incidentes em Famalicão, vemos, pela milionésima vez, que o rei vai nu. E tem que haver um dia em que, todos, reparemos nisso. Tem que haver um dia em que não achemos que o que se passa no clube rival é um escândalo e, a mesma situação, no nosso clube, é apenas uma contingência. Tem que haver um dia em que a maioria dos adeptos perceba que o futebol não pode continuar a ser um pasto inimputável de violência.
*Adepto do Boavista