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Nos últimos tempos, a política portuguesa tem, e bem, centrado as atenções a responder a uma questão: como podemos reter talento em Portugal?
Para competir com os mercados de trabalho europeus e manter em Portugal os jovens qualificados é imprescindível oferecer salários mais elevados e atenuar a crise da habitação. Através de uma maior oferta pública de habitação e de uma redução efetiva da carga fiscal sobre os jovens, por via do IRS Jovem, é possível melhorar os salários líquidos. Contudo, não nos enganemos, a única solução estrutural é subir salários de forma generalizada, o que só acontece através do crescimento económico.
Nas últimas duas décadas, Portugal tem sofrido um crescimento económico cronicamente baixo, sendo o terceiro país com pior produtividade na Zona Euro. A coligação que ganhou as eleições prometeu, como uma das suas grandes bandeiras, o crescimento económico, apontando para uma taxa de crescimento de 2,5% em 2025 e 3,4% em 2028. Acontece que no plano orçamental de médio prazo está prevista uma taxa de crescimento médio de apenas 2% até 2028, o que é uma manifesta desilusão, mesmo tendo em conta o atual cenário de instabilidade política.
Embora as medidas focadas na habitação e no IRS Jovem sejam fulcrais e evitem que alguns jovens sejam obrigados a emigrar, estas iniciativas, por si só, não atacam o cerne do problema.
É hora do país reestruturar a economia apostando em setores de alto valor acrescentado. Precisamos de uma mão cheia de mudanças, com mais ambição, ciência, inovação e investimento público, que permita cumprir um país com oportunidades.