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Os recentes Jogos Olímpicos, em Paris, vieram demonstrar a necessidade do desporto e da educação caminharem juntos na sua complementaridade organizativa. Com efeito, os países que obtiveram mais medalhas em número significativo têm procurado desenvolver o seu modelo desportivo, muito para além do futebol, dessa forma.
Portugal, mais uma vez, enunciou grandes expectativas, mas acabou por fazer menos do que seria expectável.
Aliás, em termos de medalhas o resultado até não foi negativo. Uma medalha de ouro, duas de prata e uma de bronze, além de que também o ciclismo passou a ser modalidade com direito a medalhas.
Podemos questionar o que poderá ter evitado uns jogos com mais medalhas? A resposta, qualquer que ela seja, não pode deixar de ser especulativa. Uma possível será a inconsistência exibicional dos atletas ou a não criação de condições pelas respetivas federações. De certeza que a ausência de políticas públicas coerentes no domínio do desporto pode contribuir para esse resultado incerto.
Entra aqui a política de educação e o necessário enquadramento que os atletas com condições necessitam para poderem desenvolver as suas carreiras académicas sem perderem a sua oportunidade desportiva.
Os países que mais medalhas obtêm nos jogos, ou noutras competições internacionais, fazem uma articulação plena entre o meio desportivo, a família e a escola ou a universidade. Portugal precisa de criar políticas públicas que permitam essa coesão estratégica.
A formação de atletas, seja em que modalidades aconteça, deve ter em consideração a conjugação dos horários escolares com o tempo de treino e os tempos livres do jovem.
Certo é que nem todos conseguem atingir um patamar de excelência, mas os que conseguem atingir esse nível podem proporcionar ao país um esforço que permita títulos internacionais. No fundo, vamos dar às outras modalidades as mesmas condições que o futebol tem vindo, com mérito, a conseguir obter.
Essa situação pode ser, por exemplo, alargada à música e às artes, permitindo um nível de excelência a todos os jovens.
Afinal, a geração mais bem preparada necessita ainda de uma maior atenção do poder político. Aqui fica o desafio ao Parlamento e ao Governo, em particular à ministra da Juventude, para se fazer um esforço, entre outros, na conjugação dos horários da escola pública com os tempos do desporto. Nesse domínio, o ensino particular e cooperativo está mais atento.
Tudo isto a propósito da memória de José Manuel Constantino que nos deixou, por ironia do destino, no dia de encerramento dos Jogos Olímpicos de Paris e cujo saber tantos atletas inspirou lembrando-se, ainda, o grande contributo do prof. Moniz Pereira que, ainda hoje, continua a marcar o atletismo português.