Dia Nacional de todos Estudantes
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No Dia Nacional do Estudante, assistimos mais uma vez à apropriação das legítimas preocupações estudantis por parte de grupos partidários, como a Juventude Comunista Portuguesa (JCP), que teimam em transformar manifestações genuínas num palco de slogans partidários, ultrapassados e vazios.
É certo que as propinas representam um custo real para as famílias, e qualquer aumento seria claramente um retrocesso na democratização do ensino superior. No entanto, é absolutamente redutor afirmar, como insiste uma minoria ruidosa, que "propina e bolonha é tudo uma vergonha". Este simplismo não só não reflete o pensamento maioritário dos estudantes, como desvia a atenção dos problemas reais e mina a credibilidade de toda uma geração que luta legitimamente por melhores condições.
Hoje, a questão crítica já não está na propina. A crise do alojamento tornou-se uma ameaça muito mais grave e urgente, que "mata" as oportunidades e os sonhos dos estudantes. No Porto, por exemplo, um quarto custa em média 390€ por mês - quase seis vezes o valor da propina anual do 1º ciclo -, representando cerca de 80% das despesas mensais dos estudantes. Este sim, é o verdadeiro obstáculo atual à frequência do ensino superior.
É lamentável que alguns extremistas insistam em slogans fáceis e repetidos, ignorando que na política é necessário fazer escolhas e combater os problemas estruturais. Ao preferirem a simplicidade de frases feitas, descuram a responsabilidade de abordar objetivamente as questões que afetam realmente a vida dos estudantes.