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Prendeu-me a atenção a fotografia onde se vê Diogo Jota com o braço pousado no ombro de Bernardo Silva. Um com o vermelho do Liverpool, o outro com o azul do Manchester City. Ambos com o número 20 nas costas.
Na foto vemos uma amizade, uma geração de sucesso, uma seleção e um país. E, sobretudo, vemos fair play, respeito mútuo. Infelizmente, hoje também olhamos para o retrato captado num relvado de Inglaterra como um gesto de despedida.
Portugal acordou com uma notícia que ninguém queria ler. Diogo Jota, internacional português e uma das figuras mais respeitadas no mundo do futebol, morreu de madrugada, na sequência de um trágico acidente, em Zamora, Espanha, que vitimou também o seu irmão mais novo, o jogador André Silva. Mas a perda não é só desportiva. É uma dor que rasga para lá do desporto. É o sofrimento incalculável da mãe, do pai, da mulher, dos filhos, dos amigos, dos companheiros de balneário.
Seguem-se os minutos de silêncio por várias competições, as bandeiras a meia haste, os tributos nas redes sociais e as homenagens institucionais, dentro e fora de portas, e fica claro que Diogo Jota não era só jogador. Era um dos bons.
Porém, estas feridas eternas não se saram com homenagens. Não têm cura. Para quem não é um especialista em futebol, fica na memória o exemplo de um jovem português de sucesso, discreto e íntegro. Sereno e correto. Dos que se destacam sem barulho.
A imagem dos dois amigos que cresceram com a bola nos pés representa o que o futebol tem de mais humano. Que sirva de exemplo aos rapazes e raparigas que ambicionam ser como ele.