Discriminação ou imperativo nacional?
Corpo do artigo
No final do mês passado, o Governo português anunciou um conjunto de medidas para os jovens, entre as quais se destacam o IRS Jovem e a isenção de IMT e Imposto do Selo na compra da primeira casa. Alguns consideram estas medidas muito positivas, outros consideram insuficientes. Já os “velhos do Restelo” argumentam que as medidas representam uma forma de discriminação e idadismo.
Desde 2011, a minha geração perdeu 30% do poder de compra. Saímos de casa dos nossos pais, em média, aos 30 anos e, consequentemente, 30% dos jovens portugueses emigraram. Portugal tem perdido cerca de 20 mil jovens qualificados por ano, o que representa um custo mínimo de 300 milhões de euros em formação. Será realmente discriminatório querer que os nossos jovens permaneçam em Portugal?
Não se trata de idadismo ou segregação, porque o ponto de partida não é igual para todos. Vejamos a crise da habitação: os jovens são outsiders do mercado, são aqueles que ainda não possuem casa própria e, por isso, são as principais vítimas. Não saímos de casa dos nossos pais aos 30 anos por comodismo, mas porque a renda de um T1 no Porto é de 1000 euros, enquanto o salário médio de um jovem é de 926 euros.
Caros velhos do restelo, apoiar a juventude não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma estratégia vital para o desenvolvimento sustentável do país. Em vez de criticar, é necessário continuar a procurar soluções que permitam aos jovens construir as suas vidas e contribuir para o crescimento de Portugal.