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As eleições do último domingo mostraram aos portugueses uma coisa muito simples. O país está cansado dos chavões que a Esquerda usa para falar do Serviço Nacional de Saúde, da escola pública e da Segurança Social como solução para resolver todos os problemas das pessoas. O que estas eleições evidenciaram é que existe, pela primeira vez na nossa democracia, uma maioria para uma revisão constitucional claramente de Direita e para a qual o PS não conta.
A AD, o Chega e a IL podem fazer uma revisão constitucional sem o PS, um dos partidos fundadores e que votaram a Constituição de 1976. O fiel da balança do regime democrático é agora a AD e o PSD sabe honrar os seus compromissos com os portugueses e com a democracia. O nosso sistema democrático entra num novo ciclo onde é necessário compreender que a Esquerda não tem espaço para fazer frente ao Chega. A quem cabe essa tarefa de reconciliar os portugueses é ao PSD na sua versão de maior partido português. Sou dos que pensam que o sistema de governo está bem concebido e onde o presidente da República deve ser um fator moderador e contribuir para os consensos necessários para Portugal.
O que querem os portugueses? Principalmente aqueles que estão fora da bolha mediática de Lisboa querem que alguém se lembre deles. Para se lembrarem deles, é necessário um Governo reformador que perceba que essas pessoas não podem ser abandonadas à sua sorte e ficar reféns de movimentos populistas que nada acrescentam para a melhoria das suas vidas.
Os mais jovens e os mais idosos, aqueles que trabalham e os mais pobres estão desiludidos com o sistema político e com o que este lhes proporciona. Compete agora ao PSD e a Luís Montenegro contribuir para uma solução duradoura para a legislatura. O PS devia ter adotado uma posição idêntica à do SPD na Alemanha quando este contribuiu para ajudar a CDU a fazer Governo e afastar a AfD.
Pedro Nuno Santos sai agora de cena sem perceber que o seu radicalismo afastou uma linha moderada que tanto caracterizava o Partido Socialista de Mário Soares ou de António Guterres.
O PSD tem agora uma legitimidade acrescida, já que reforçou a sua maioria parlamentar. Acontece que ao ter o Chega como líder da Oposição, o PSD deve evitar a armadilha de atração do beijo fatal. A democracia exige que as instituições funcionem. As próximas eleições autárquicas e presidenciais devem devolver a “normalidade” ao sistema político num tempo que é de uma grande incerteza internacional. Os desafios da União Europeia, o cumprimento do Estado social, o definir de uma política migratória realista e o desenvolvimento da economia permitem, ao PSD, liderar Portugal num momento tão critico.
Esperemos que o próximo ciclo político traga um novo líder ao Partido Socialista mais realista, com maior vontade reformista e moderado. José Luís Carneiro pode ser o próximo secretário-geral do PS.