Então, e para a Ucrânia não vai nada? Tudo!
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Há três meses que não escrevo sobre a guerra na Ucrânia, mas, volvidos dois anos sobre a invasão levada a efeito pela Rússia e 10 anos sobre a anexação ilegal da Crimeia e da cidade de Sebastopol pelo mesmo país, a Ucrânia está à beira do desespero, devido ao atraso no fornecimento de armamento que favorece o avanço russo no seu território, e há que defender a vitória da civilização sobre a barbárie.
De acordo com a ONU, esta guerra já provocou mais de 10 mil mortos, entre os quais cerca de 600 crianças, assim como mais de 20 mil feridos civis, 6,5 milhões de refugiados por toda a Europa e mais de 3,7 milhões de deslocados dentro da Ucrânia. É angustiante falar sobre esta tragédia sem fim à vista, à nossa porta, mas é preciso lembrar para não esquecer que, se não ajudarmos a travar o avanço russo, teremos, provavelmente, uma guerra maior no continente europeu.
Sabemos como começa uma guerra, mas desconhecemos como acaba. Há fases em que um dos países em confronto parece estar a ganhar a guerra e há outras em que outro dos estados em conflito dá mostras de se estar a adiantar nas conquistas, mas o vencedor é um enigma até ao fim da guerra.
Vem isto a propósito de esta semana terem sido conhecidos os resultados de uma sondagem do European Council on Foreign Relations que aponta para apenas 10% de crentes europeus na vitória da Ucrânia, enquanto indica o dobro de crédulos na vitória russa no conflito.
Em face destes números, os comentadores lançaram-se no seu próprio combate por um dos beligerantes, mas a guerra prosseguiu, indiferente ao que dizem os comentadores e ao que contam as sondagens, mas, ainda assim, convém perceber quantos foram os países ouvidos, quais são os mais otimistas face a uma vitória ucraniana ou os que acreditam maioritariamente numa Rússia vencedora.
A sondagem só envolveu 12 países, dos quais apenas a Polónia e Portugal acreditam na vitória da Ucrânia. A Polónia, país vizinho da Ucrânia. Portugal, país na
periferia da Europa. A Hungria e a Grécia são os que mais preveem uma Rússia vencedora. Se é verdade que a crença numa dada vitória depende da perceção que cada um de nós tem da evolução da guerra, este resultado também evidencia os desejos mais profundos dos povos.
Afinal de contas, que desfecho defendem, para esta guerra, os europeus sondados? A maioria quer que a Ucrânia chegue a um acordo de paz com a Rússia, mas também deseja que a Ucrânia mantenha a integridade territorial. A Suécia, Portugal e a Polónia preferem continuar a apoiar a Ucrânia até esta recuperar os territórios ocupados pela Rússia. Estes são os que percebem que a ajuda que é dada à Ucrânia é uma ajuda em causa própria. É um investimento no futuro comum, num horizonte de paz na Europa e no mundo.