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No contexto do arranque da participação do INL num importante projeto europeu, com o sugestivo nome de Poems, de linhas-piloto da fabricação de chips de nova geração (com a linha-piloto APECS, focada em integração heterogénea), bem na Design Platform do Chips-JU, discutiram-se ontem em Braga as estratégias europeia e portuguesa para a produção de semicondutores, numa conferência internacional que, para além de participantes da União Europeia, incluiu especialistas do Reino Unido, Estados Unidos e Brasil.
Esta é uma discussão irrecusável para o futuro da Europa e para o seu incontornável regresso a uma sociedade de forte perfil industrial. Uma indústria necessariamente diferente daquela que daqui saiu. Uma indústria do digital, da robotização e da inteligência artificial. Também uma indústria da sustentabilidade ambiental e da convivência harmoniosa entre atividade humana e a natureza. Como diz a canção de Bob Dylan, “the times are a-changin”, numa mudança pulsada por uma revolução científica, da qual ainda só conseguimos antever uma pequena parte - a inteligência artificial e as tecnologias quânticas estão ainda na infância. Numa mudança que as alterações geopolíticas laivam de incerteza.
Por tudo isso, estes são também os tempos de abraçar um futuro de que queremos ser parte, nos termos do pensamento muito atual de Abraham Lincoln - “a melhor maneira de prever o futuro é construí-lo”.
Desenhar e implementar uma estratégia europeia, nacional e regional para os semicondutores, bem como um desenvolvimento industrial competitivo, é potenciar a nossa economia, assegurar a independência tecnológica europeia e, acima de tudo, contribuir decisivamente para a preservação da democracia e do modelo civilizacional europeu.
A Região Norte tem excelentes condições para ser um cluster europeu da indústria de semicondutores. Aqui, está uma das grandes empresas multinacionais do setor, a Amkor, que tem grandes investimentos em curso. Aqui, temos uma grande capacidade de I&DT, como o projeto do INL evidencia. Aqui, temos universidades que formam recursos humanos de grande qualidade para o setor. Aqui, devemos ter capacidade de formar técnicos especializados para um setor de grande exigência.
Este é um caminho irrecusável, que a Região quer percorrer com parcerias desta Europa em que acreditamos, bem como de especialistas de um mundo onde o multilateralismo ainda tem lugar.